PAINEL DO LEITOR
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General Mourão
De fato é triste ver uma pessoa que pretende governar o país declarar em alto e bom tom esses conceitos jurássicos sobre populações humanas —e pior, ser ainda defendido por muitos eleitores (“Indolência e malandragem”., Ciência, 12/8). Nesses casos, é importante distinguir a ignorância da maldade. Nos dois casos há pobreza de valores morais em quem fala, porém a discriminação pejorativa de povos não pode ser qualificada apenas por ignorância.
Angela Maria Souza Bueno (Florianópolis, SC)
Como disse o jornalista Reinaldo José Lopes, as diferenças entre as etnias indígenas do Brasil são enormes. Falar de características dos índios é tão vago como falar dos estrangeiros em geral, do que todos eles, sejam chineses, árabes ou ingleses, teriam em comum.
José Cláudio (Rio de Janeiro, RJ)
Dizer que a indolência vem da cultura indígena é sugerir que todo índio é preguiçoso, o que, obviamente, é uma bobagem. É o mesmo que dizer que todo militar é torturador e assassino, o que também não é verdade. É bem verdade, porém, que elogiar o Ustra não ajuda a melhorar a imagem da chapa Bolsonaro/Mourão. Eduardo de Oliveira Cavalcanti (Campo Grande, MS)
Mourão falou que gostamos de privilégios, somos indolentes e malandros, características que herdamos de portugueses, índios e negros. Repetiu o lugar-comum de que a indolência tem a ver com o clima quente. Malandragem e apego a privilégios, na minha opinião, são na verdade características dos políticos. Cristina Barboza (Ilhabela, SP) O jornalista politicamente correto quer saber mais que o general Mourão, de origem indígena amazonense, a respeito da disposição para o trabalho entre os nossos ameríndios. Perguntei a um amigo paraense a respeito da fala do general e ele confirmou ter a mesma impressão, sem titubear. Quando criou Fordlândia, na primeira metade do século passado, Henry Ford teve que reduzir o salário dos índios. Ganhando bem, trabalhavam um ou dois dias e paravam. Talvez estivessem certos... Paulo Cesar de Oliveira (Franca, SP) Esses conceitos tratam da formação cultural do povo brasileiro e estão no clássico “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, aliás pai do Chico Buarque, de esquerda. E foram usados por Roberto Campos para explicar as travas culturais para o desenvolvimento econômico brasileiro. Faltou falar na culpa do católico em relação ao dinheiro, em contraste com o conceito de prosperidade dos protestantes. Isso se chama sociologia, nunca racismo.
Paulo Andrade (Rio de Janeiro, RJ)
Ana Amélia
“Ana Amélia elogiou Dilma, apoiou Manuela e admira Brizola”, diz reportagem da Folha (Poder, 12/8). Isso prova que ela é uma centrista sem ideologia, que joga para todos os lados, querendo agora se postar de direita. É a vice ideal para Geraldo Alckmin.
Rafael Alberti Cesa (Caxias do Sul, RS)
Ana Amélia é um ótimo nome para vice. Alckmin é o candidato mais preparado e os dois juntos vão fazer um ótimo trabalho pelo nosso país. Bruno Saraiva Santana (São Paulo, SP)
Judiciário
A cada dia vemos reveladas a arrogância, a megalomania e o desprezo de membros do Judiciário para com o povo, que banca seus salários e mordomias. São uma casta que se acha acima do bem e do mal e estão convencidos de que não devem satisfação a ninguém, exceto aos amigos e grupos políticos que representam (“Judiciário é o único Poder a não respeitar limite de gasto”, Mercado, 12/8)
Mauro Tadeu (Curitiba, PR)
O custo financeiro não é nada quando comparado aos custos psicológico e moral. Vivemos em um país em que o Judiciário interpreta a lei em benefício próprio. O postulado constitucional de que todos são iguais perante a lei é desrespeitado diariamente por estes senhores. Isso leva a população a um sentimento de impotência e descrédito. Ao não se importar com os preceitos éticos e morais da nação, a maioria do nosso Judiciário tornase fiadora da corrupção.
(Jundiaí, São Paulo)
Roberto Foz Filho
Qualquer um com poderes para aumentar seu próprio salário o fará. Especialmente no caso em questão, referente a pessoas dotadas de imenso poder da caneta e de enorme influência política. Integram um Poder monopolista e imprescindível, ao qual o cidadão é obrigado a acorrer nos (muitos) casos de injustiças e ilegalidades. Pouco importa a estes vetustos senhores a imagem da corporação, pois inexiste concorrência nem precisam prestar contas. Resultado: um Judiciário caro, ineficiente, formalista em excesso e disfuncional.
José Cretella Neto, advogado (São Paulo, SP)
Democracia
Excelente aula sobre democracia e as ameaças de autoritarismo que fizeram a derrocada de países como a Venezuela (“O que Brasil precisa é sair da tormenta sem eleger um autoritário”, Poder, 12/8). No Brasil nada ainda está definido, mas temos a responsabilidade de zelar pela democracia conquistada. Natanael Batista Leal (Brasília, DF)
O que destrói a democracia brasileira é o povo desinformado facilmente manipulável. Todos os que estão aí foram eleitos. Os políticos são ruins e o povo é ainda pior. José Reinaldo Neto (São Paulo, SP) O bipartidarismo informal no Brasil está desgastado, o PT com seu líder preso e o PSDB aliado ao famigerado centrão. Ambos naufragam. A direita tem seu candidato no segundo turno, o Bolsonaro, a centro esquerda pedala e não sai do lugar. Bolsonaro, mesmo aos tropeços, vai se consolidando como futuro presidente.
Jesus Oliveira (São Paulo, SP)
Aborto
Concordo com o colunista Hélio Schwartsman (“Vivam aborto, drogas e eutanásia”, Opinião, 12/8). Também acho que a legalização do aborto é só uma questão de tempo. Mas muito tempo. Só depois que a bancada evangélica na Câmara dos Deputados e no Senado não tiver mais influência na vida dos brasileiros, crentes ou não crentes. João Hurtado (São Paulo, SP)
Não será tão simples, caro Hélio Schwartsman. A questão a respeito do aborto envolve um claro conflito de direitos fundamentais da mãe e do feto, o que não ocorre na questão da eutanásia e da liberação de drogas.
Aimar Matos (Brasília, SP)