PF está pronta para caso Marielle, diz ministro
Um dia após sugerir que a Polícia Federal poderia assumir a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) elogiou o trabalho da Polícia Civil do Rio, que investiga o caso, mas disse que a PF já teria uma equipe com delegados e agentes pronta para entrar no caso.
O Rio está sob intervenção federal na segurança pública desde fevereiro. Ou seja, as polícias do estado estão sob comando do governo federal. Em março, a vereadora foi assassinada, em um crime até agora não esclarecido.
Em visita ao Rio nesta segunda (13), Jungmann voltou a dizer que a entrada da PF só poderia ocorrer a pedido do gabinete da intervenção ou do Ministério Público do estado. Mas se disse compelido a colocar novamente a PF à disposição devido ao tempo decorrido e à repercussão do crime.
No dia seguinte ao assassinato, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sugeriu a federalização das investigações, mas o pedido encontrou resistência no Ministério Público do Rio.
Para federalizar um crime de homicídio, é necessário que a PGR promova uma ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) chamada de incidente de deslocamento de competência. Criado há 14 anos, o instrumento foi usado poucas vezes no país. Levantamento de 2015 apontou apenas quatro pedidos do tipo pela PGR, com duas rejeições e dois acolhimentos pelo STJ.
Segundo Jungmann, a elucidação da morte de Marielle é uma “questão de honra” para o governo de Michel Temer.
O ministro reafirmou que o caso é complexo e que envolve políticos e agentes públicos do Rio, ainda que não tenha citado nomes.
“Passados 150 dias do crime, entendemos que deveríamos colocar a PF para ajudar ou assumir o caso. Isso não é desqualificar as investigações da divisão de homicídios”, disse Jungmann, que participou de reunião sobre construção de cadeias com recursos do BNDES, no Rio.
Jungmann admitiu também que não tem uma linha direta com as autoridades do estado envolvidas nas investigações. Ele disse que tudo o que sabe sobre o caso, inclusive as informações que baseiam seus comentários sobre a possibilidade de políticos envolvidos no crime, são oriundas dos setores de inteligência do governo federal.