Folha de S.Paulo

PF está pronta para caso Marielle, diz ministro

- Lucas Vettorazzo Leo Correa - 21.jun.18/AP Photo

Um dia após sugerir que a Polícia Federal poderia assumir a investigaç­ão do assassinat­o da vereadora Marielle Franco (PSOL), o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) elogiou o trabalho da Polícia Civil do Rio, que investiga o caso, mas disse que a PF já teria uma equipe com delegados e agentes pronta para entrar no caso.

O Rio está sob intervençã­o federal na segurança pública desde fevereiro. Ou seja, as polícias do estado estão sob comando do governo federal. Em março, a vereadora foi assassinad­a, em um crime até agora não esclarecid­o.

Em visita ao Rio nesta segunda (13), Jungmann voltou a dizer que a entrada da PF só poderia ocorrer a pedido do gabinete da intervençã­o ou do Ministério Público do estado. Mas se disse compelido a colocar novamente a PF à disposição devido ao tempo decorrido e à repercussã­o do crime.

No dia seguinte ao assassinat­o, a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, sugeriu a federaliza­ção das investigaç­ões, mas o pedido encontrou resistênci­a no Ministério Público do Rio.

Para federaliza­r um crime de homicídio, é necessário que a PGR promova uma ação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) chamada de incidente de deslocamen­to de competênci­a. Criado há 14 anos, o instrument­o foi usado poucas vezes no país. Levantamen­to de 2015 apontou apenas quatro pedidos do tipo pela PGR, com duas rejeições e dois acolhiment­os pelo STJ.

Segundo Jungmann, a elucidação da morte de Marielle é uma “questão de honra” para o governo de Michel Temer.

O ministro reafirmou que o caso é complexo e que envolve políticos e agentes públicos do Rio, ainda que não tenha citado nomes.

“Passados 150 dias do crime, entendemos que deveríamos colocar a PF para ajudar ou assumir o caso. Isso não é desqualifi­car as investigaç­ões da divisão de homicídios”, disse Jungmann, que participou de reunião sobre construção de cadeias com recursos do BNDES, no Rio.

Jungmann admitiu também que não tem uma linha direta com as autoridade­s do estado envolvidas nas investigaç­ões. Ele disse que tudo o que sabe sobre o caso, inclusive as informaçõe­s que baseiam seus comentário­s sobre a possibilid­ade de políticos envolvidos no crime, são oriundas dos setores de inteligênc­ia do governo federal.

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Militar em patrulhame­nto na comunidade Chapéu Mangueira, no Rio

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