Folha de S.Paulo

Como lidar com morte, política, arte e emprego? Filósofos ajudam

Livro ‘O que Nietzsche faria’ reúne sabedoria de pensadores em textos curtos para ajudar a tomar decisões

- Gabriel Alves

são paulo O que Maquiavel (1469-1527) diria sobre passar uma rasteira no colega para conseguir uma promoção? Talvez que muitas vezes precisamos romper regras em nome de um bem maior.

O filósofo britânico John Stuart Mill (1806-1873), por sua vez, ponderaria que devemos fazer de tudo em busca da felicidade, desde que não prejudique as outras pessoas.

Com base no conhecimen­to de sábios do passado, o escritor britânico Marcus Weeks trata em seu o livro “O que Nietzsche Faria?” de problemas do dia a dia, dos corriqueir­os (devo contar à minha amiga que o marido dela a trai?) a questões mais sofisticad­as (por que me sinto culpado ao passar por um mendigo?).

Os breves textos, agrupados em cinco capítulos temáticos (relacionam­entos, trabalho, estilo de vida, lazer e política) apresentam pontos de vistas diferentes sobre a mesma questão e não são propriamen­te respostas, mas um balizament­o do que pode ser levado em conta antes da decisão.

Friedrich Nietzche (18441900), apesar de dar nome à obra, só aparece de vez em quando, revezando-se com Confúcio, Albert Camus, Aristótele­s, Voltaire, Adam Smith, entre muitos outros.

O debate sobre o sentido da vida não poderia ficar de fora. E Schopenhau­er, apesar da fama de ser sombrio, pode oferecer “algumas migalhas de conforto”, escreve Weeks.

“Na opinião dele, a vida não passa de uma longa e inútil sucessão de sofrimento­s, de modo que a alternativ­a [morte] não tende a ser pior [...] Você já passou uma eternidade sem existir, por isso não deveria se apavorar. Apenas pare de especular a respeito e siga com o tormento da vida.”

Com diversas ilustraçõe­s, obra permite vislumbrar como o conhecimen­to filosófico tem raízes também no mundo real, não só na massa cinzenta de sábios enclausura­dos.

Um exemplo narrado no livro vem do próprio Nietzsche. Seu pai, um pastor luterano, morreu precocemen­te, e isso levou o jovem pensador a dizer que Deus estava morto, uma de suas mais famosas conclusões e da qual se depreende que nossa moralidade não deveria se basear na existência de uma divindade.

Outras iniciativa­s já aproximara­m a filosofia do dia a dia, como a School of Life, em Londres, que ministra aulas e aplica terapias com a ideia de melhorar a maneira que as pessoas lidam com a vida. O que Nietzsche faria? AUTOR Marcus Weeks EDITORA Sextante (2018) PREÇO R$ 49,90 (240 págs.)

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