Políticos ricos e empresários bancam 93% de altas doações
Veto a recurso de empresas não impede grandes grupos de financiar campanhas
Balanço de prestações de contas dos candidatos mostra que empresários e políticos com patrimônio elevado são responsáveis pela quase totalidade do financiamento privado das campanhas.
Dos R$ 45,6 milhões de grandes doações (acima de R$ 300 mil) até agora, 93% foram de concorrentes ricos (R$ 30,4 mi) ou grandes empresários (R$ 12 mi).
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal proibiu o financiamento por empresas sob o argumento de que viola os princípios democráticos da igualdade de forças.
O fundador do grupo que comanda a Riachuelo, Nevaldo Rocha, aparece no topo da lista dos empresários financiadores, com R$ 2 milhões direcionados à campanha a deputado federal do neto Gabriel Kanner (PRB).
Carlos Amastha (PSB), empresário do ramo de shoppings, tirou R$ 1,45 milhão do bolso para sua campanha ao governo do Tocantins.
Um dos concorrentes à Presidência, Henrique Meirelles (MDB) foi bem além: destinou R$ 20 milhões de sua fortuna para se autofinanciar.
O balanço das primeiras prestações de contas dos candidatos mostra que empresários e políticos com patrimônio elevado continuam sendo os responsáveis pela quase totalidade do financiamento das campanhas eleitorais.
Do total de R$ 45,6 milhões de grandes doações até agora —acima de R$ 300 mil—, 93% saíram do bolso de concorrentes ricos (R$ 30,4 milhões) ou de grandes empresários (R$ 12 milhões), com sobrenomes ligados a marcas como Riachuelo, a rede de shoppings Iguatemi, Localiza e Porto Seguro.
Aquantia que determina uma grande doação, acima ou igual aR $300 mil, foi estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A campanha começou oficialmente em 16 de agosto. Ou seja, os números tendem acrescer muito até o final das eleições, em outubro.
O Supremo Tribunal Federal proibiu em 2015 que empresas financiem as campanhas sob o argumento de que a prática viola os princípios democráticos da igualdade de forças na disputa, representando captura do processo político pelo poder econômico.
U mareação comandada pelo Congresso, porém, abriu brechas para a manutenção do status quo. Em uma primeira frente, deputados e senadores ampliaramo financiamento público direto das campanhas instituindo um fundo deR$1,7bil hão queé distribuído aos candidatos a critério das cúpulas partidárias. E elas têm privilegiado políticos já com mandato.
Em uma segunda linha, barraram propostas que buscavam impor limite unificado a doações de pessoas físicas ou ao autofinanciamento.
Isso possibilita que empresas continuem doando por me iode seus donos ou executivo seque candidatos ricos injetem altas somas em suas campanhas.
O fundador do grupo que comanda a Riachuelo, Nevaldo Rocha, aparece no topo da lista dos grandes financiadores, com R$ 2 milhões direcionados à campanha do neto Gabriel Kanner (PRB), que disputa uma vaga de deputado federal em São Paulo.
“Doei esse valor porque acredito no meu neto e ele merece o meu apoio”, disse Nevaldo, por meio da assessoria de Kanner. O candidato afirmou que não utilizará recursos públicos em sua campanha.
As grandes doações de donos de empresas alcançam R$ 12 milhões nessa reta inicial da campanha. O valor é quase oito vezes maior do que o montante recolhido até agora pelas principais vaquinhas eleitorais. O mecanismo de financiamento coletivo é usado pela primeira vez nas eleições deste ano e permite que candidatos lancem plataformas na internet para arrecadar doações limitadas aR $1.064 por dia, por doador.
Fundador do grupo de tecnologia Positivo e candidato ao Senado pelo Paraná, Oriovisto Guimarães (Pode) desembolsou R$ 1 milhão. Metade para a própria campanha, metade para o presidenciável Alvaro Dias (Pode).
Dias afirma que essa deve ser uma das poucas doações que vai receber .“É uma doação espontânea que tema ver com uma relação de muitos anos, de conhecimento recíproco, de amizade e confiança no projeto politico.”
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Jereissati, que controla a rede de shoppings Iguatemi, Carlos Francisco Ribeiro Jereissati doou R$ 1 milhão, metade para a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), e metade para o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
O senadora firmou que as doaçõesque recebeu são espontâneas e dentro doque determinaalei. O limite de doações par apessoas física sé de 10% dos rendimentos brutos do doador verificados no ano anterior à eleição. Maia não respondeu.
O empresário do ramo dos shoppings Carlos Amastha (PSB), por exemplo, sacou R$ 1,45 milhão do próprio bolso para a campanha ao governo do Tocantins. O seu vice, que também é um agropecuarista rico, colocou mais R$ 1,45 milhão. A Folha não conseguiu falar com os dois.
Empresário do ramo farmacêutico (União Química), Fernando de Castro Marques (SD-DF) colocou R$ 1 milhão na própria campanha ao Senado e distribuiu outros R$ 800 mil a outros três candidatos, entre ele o candidato a governador Rogério Rosso (PSDDF), com R$ 700 mil.
A assessoria de Marques afirmou que ele considera “absurdo” o uso do fundo público de campanha e que o aporte do próprio bolso é porque irá financiar toda sua campanha com recursos próprios.
A regra eleitoral estabelece ainda que os candidatos podem usar recursos próprios para financiar até o limite de gastos imposto ao cargo que concorre. No caso de presidente da República, o teto é de R$ 70 milhões.
Como é o exemplo do exexecutivo de banco e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), que direcionou R$ 20 milhões do próprio bolso para sua postulação ao Palácio do Planalto.