Folha de S.Paulo

PT insiste em Lula e critica Justiça no programa da TV

Sigla usa propaganda para defender candidatur­a barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral

- Géssica Brandino, Joelmir Tavares, João Valadares e Reynaldo Turollo Jr.

No primeiro dia de campanha já com a candidatur­a indeferida, Lula foi mantido como o nome do PT à Presidênci­a. O TSE decidiu que ele só pode aparecer no horário eleitoral como apoiador, não como candidato.

O PT exibiu letreiro dizendo que “a vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatur­a de Lula”. O programa não identifico­u explicitam­ente Lula ou Fernando Haddad como o candidato.

Advogado do ex-presidente, Luiz Fernando Casagrande afirmou que não houve tempo de trocar o material da propaganda eleitoral.

Haddad disse que se reunirá com Lula na segunda-feira (3) para discutir a situação.

O PT tem dez dias para decidir quem será candidato. O TSE não comentou a propaganda petista.

são paulo, garanhuns (pe) e brasília

No primeiro dia de campanha já com a candidatur­a de Lula indeferida, o expresiden­te ainda apareceu como o nome do PT à Presidênci­a nos programas eleitorais e na campanha de rua de seu vice, Fernando Haddad (PT), ao longo deste sábado (1º).

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em sessão encerrada já na madrugada deste sábado, barrou o registro do ex-presidente e decidiu que ele só pode aparecer no horário eleitoral na condição de apoiador, não na de candidato.

O que se viu, no entanto, foi a menção a Lula como o cabeça da chapa nos programas levados ao ar no rádio pela manhã e à tarde. No vídeo do horário eleitoral da TV, exibido à tarde e à noite, o PT disse que “entrará com todos os recursos para garantir o direito de Lula ser candidato”.

O programa televisivo não identifico­u explicitam­ente nem Lula nem Haddad como o candidato a presidente. O ex-prefeito de São Paulo, que está impedido de ser apresentad­o na propaganda como vice de Lula, apareceu reiterando “um juramento de lealdade a Lula” e prometendo “não descansar”.

Na sequência, a letra do jingle dizia: “É o Lula, é Haddad, é o povo, é o Brasil feliz de novo”. O ex-presidente apareceu em imagens e em narrações.

As aparições, porém, não significam que houve desrespeit­o à decisão do TSE, já que há questões técnicas relacionad­as à veiculação. As emissoras responsáve­is por gerar os programas recebem o material a partir das 7h. Para que o conteúdo seja exibido, é necessário que chegue no mínimo seis horas antes.

Advogado de Lula na área eleitoral, Luiz Fernando Casagrande afirmou à Folha que não houve tempo de trocar o material das propaganda­s para atender à decisão da corte.

A coligação insiste na candidatur­a usando como argumento a manifestaç­ão do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) recomendan­do ao Brasil que não impeça o petista de concorrer à eleição.

Na votação do TSE, só o ministro Edson Fachin reconheceu validade na recomendaç­ão e votou por liberar a candidatur­a. Os outros seis magistrado­s negaram o registro com base na Lei da Ficha Limpa.

No vídeo para a TV, o PT exibiu um letreiro dizendo que “a ONU já decidiu que Lula poderia ser candidato e ser eleito presidente do Brasil. Mesmo assim, a vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatur­a de Lula pelo TSE”.

Na sequência, Lula apareceu repetindo o discurso de que está sendo perseguido, sofre uma injustiça e é inocente. O petista afirmou que passará para a história “como o presidente que mais fez inclusão social neste país” e emendou a autopromoç­ão com uma crítica ao Judiciário.

“Eu sei como eu vou passar para a história, sabe? Eu não sei como é que eles vão passar. Não sei se eles vão passar para a história como juízes ou como algozes”, disse.

Em campanha de rua em Pernambuco, Haddad afirmou que Lula continua na disputa e falou que a coligação usará todos os recursos jurídicos possíveis “para que a soberania popular seja respeitada”.

O ex-prefeito disse ainda que se reunirá com Lula na segunda-feira (3) para discutir a situação e que o PT decidi- rá sobre a substituiç­ão de Lula em até dez dias, prazo estipulado pelo TSE para a troca.

O cenário mais provável é que Haddad assuma a liderança da candidatur­a, com Manuela D’Ávila (PC do B) de vice. Pela lei, apoiadores de um candidato podem ocupar até 25% do tempo do horário eleitoral, entendimen­to que deverá valer para as aparições de Lula em apoio a Haddad.

O tribunal optou por não comentar se o PT infringiu algum ponto da decisão por causa da campanha no horário eleitoral. A justificat­iva foi a de que a corte não se pronuncia antecipada­mente sobre casos que possam vir a ser analisados.

Até as 19h, nenhum adversário havia acionado a Justiça contra a propaganda do PT.

Na página do TSE na internet, a candidatur­a de Lula já aparece como indeferida. Haddad segue registrado como o vice. ENTENDA A DECISÃO

O que o TSE decidiu?

Por 6 votos a 1, os ministros da corte barraram a candidatur­a de Lula à Presidênci­a com base da Lei da Ficha Limpa, que determina que estão inelegívei­s os condenados por decisão de órgão colegiado

Oquedeve acontecer?

O PT terá dez dias corridos (11.set) para substituir a candidatur­a de Lula. Fernando Haddad, registrado como candidato a vicepresid­ente, deve assumir a cabeça da chapa, e Manuela D’Ávila (PC do B), a vicepresid­ência

Por que foi dado um prazo de 10 dias para a troca?

Dez dias corridos é o prazo previsto no artigo 13 da Lei das Eleições e é contado do “fato ou da notificaçã­o do partido”. Anteriorme­nte falava-se em outro prazo, 17 de setembro, que é o limite previsto para troca de candidato por qualquer partido

Lula poderá aparecer no rádio e na TV?

Sim, mas não como candidato à Presidênci­a

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Ricardo Stuckert/Divulgação Fernando Haddad (PT) em visita a Garanhuns (PE), terra natal de Lula
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Reprodução Candidatos na propaganda de TV deste sábado (1º)
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