Marca de luxo francesa lança xampu por R$ 330
Para presidente regional da Sisley, itens de cabelos não sentem a crise e farão do Brasil maior mercado da empresa na América
“O Brasil é um dos países onde nossas vendas mais crescem e, com a Hair Rituel, elas vão subir mais.”
A frase que, dita em meio à crise econômica soaria otimista para qualquer empresário, parece ainda mais peculiar vinda de Arnaud Naintré, presidente das Américas da Sisley.
A marca francesa de cosméticos de luxo lançou nesta semana uma linha de seis itens para cabelos —os valores chamam atenção: entre R$ 300 e R$ 890.
Com a Hair Rituel, a Sisley quer levar a fama de seus fitocosméticos para o principal segmento de beleza do Brasil.
A promessa mais milagrosa vem do sérum Revitalizing Fortifying Serum, que diz retardar o aparecimento de cabelos brancos.
Segundo Naintré, esperase que, com a linha capilar, o Brasil passe o México. Hoje os países estão empatados na liderança da América Latina.
Presente em 90 países, o grupo faturou US$ 800 milhões (R$ 3,3 bilhões) em 2017.
Os produtos são vendidos em pontos luxuosos como a Saks (Estados Unidos) e a Galeria Lafayette (Paris), onde disputam as gôndolas com marcas igualmente caras como La Praire e La Mer.
No Brasil, está nas lojas da Sephora e perfumarias de luxo.
A marca de 1976 se mantém como empresa familiar, comandada por Philppe, filho do casal fundador Isabelle e Hubert d’Ornano. A família faz parte da realeza da cosmética francesa: o avô de Hubert fundou a Lancôme em 1935.
A marca também tem grandes estrelas entre suas clientes: o perfume Eu du Soir (best-seller da marca) era o predileto da princesa Diana e a atriz Sharon Stone diz ser fã da máscara de cílios.
Mesmo pouco conhecida no Brasil, as vendas por aqui crescem anualmente mais de 15%, há 12 anos.
Os preços que já são considerados altos nos Estados Unidos e na Europa, por aqui são ainda maiores por causa das taxas de importação.
O Brasil só perde para países asiáticos e Índia, diz Naintré. Aqui, os cremes antirrugas custam entre R$ 790 e R$ 3.990.
Com a crise e a queda nas viagens internacionais, Naintré afirma que as lojas em Miami e Paris sentiram a ausência das brasileiras.
As brasileiras, porém, são clientes fiéis. “A mulher até deixa de comprar uma nova cor de batom, mas o produto de skincare, que ela usa e sabe que funciona, ela não troca”, diz.
Segundo o executivo francês, se as consumidoras não viajam, passam a consumir nas lojas locais.
A subida do dólar tem duas faces para a marca. De um lado,
a diferença entre o preço cobrado nos EUA e no Brasil diminui em um primeiro momento. Por outro, a empresa não consegue fugir do reajuste.
“Não queremos que os nossos produtos cheguem a valores que não podem ser pagos pelas consumidoras, mas importamos em euro e o real se desvalorizou muito”, afirma.