Reta final do pique-bandeira espacial
Nasa e SpaceX entraram num acordo quanto aos procedimentos para o futuro lançamento de astronautas ao espaço, em mais um importante passo no programa comercial de tripulação da agência espacial americana, que está atrasado em vários anos. O primeiro voo tripulado de teste deve ocorrer em 2019.
Duas empresas estão na disputa de pique-bandeira espacial. Além da SpaceX, a Boeing também está no jogo com a cápsula Starliner.
Em 2014, as duas companhias ganharam a concorrência por contratos que mudam as regras do jogo no voo espacial. Em vez de a Nasa pagar os custos de cada missão, a ideia agora é comprar passagens por preço fixo e deixar empresas privadas fazerem o transporte à Estação Espacial Internacional (ISS).
Pelos contratos —US$ 2,6 bilhões (R$ 10 bi) para a SpaceX e US$ 4,2 bilhões (quase R$ 17 bi) para a Boeing—, as empresas devem desenvolver cápsulas capazes de levar humanos ao espaço, demonstrá-las em testes e promover seis voos de quatro tripulantes à ISS.
Quem chegar primeiro terá a honra de resgatar de lá uma bandeira americana deixada pelo ônibus espacial Atlantis, no último voo dessas naves, em 2011. Daí o “pique-bandeira”.
Desde a aposentadoria dos ônibus, a Nasa depende das cápsulas russas Soyuz para levar seus astronautas ao espaço. Cada assento é vendido a peso de ouro, e os últimos lugares contratados serão usados em 2019.
Neste momento, a Nasa está confortável com a situação. A SpaceX deve fazer o primeiro teste de sua cápsula Dragon em novembro deste ano —a nave já está em Cabo Canaveral sendo preparada para voo. Se tudo correr bem, o segundo teste deve levar os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley à ISS em abril de 2019.
A Boeing, por sua vez, está um pouco atrasada — estima o primeiro voo da Starliner, sem tripulação, para até o começo do ano que vem, e o primeiro lançamento com astronautas em meados de 2019.
Enquanto isso não acontece, a Nasa comprou da Boeing alguns assentos nas Soyuz que a empresa americana ganhou como parte de acordo numa disputa judicial com a companhia russa de energia ligada à plataforma marinha de lançamento de foguetes conhecida como Sea Launch.
Astronautas da Nasa os vem usando, e a agência americana diz que ainda tem mais um assento em julho de 2019, o que estenderia a presença de ao menos um americano na ISS até o fim do ano.
Há, assim, margem razoável para que pelo menos uma das duas concorrentes no pique-bandeira consiga entrar em operação antes que os EUA fiquem sem carona para a estação espacial.