Folha de S.Paulo

O pós-Temer vem aí

- Alvaro Costa e Silva

Erra quem pensa que Michel Temer, à espera de deixar a Presidênci­a, passa o tempo bebendo cafezinho fraco e frio. Como bom reformista, ele está preparando a cama para seu sucessor. Com zelo e jeito.

Ao topar o acordo que permitiu o aumento de salários dos ministros do STF em 16,38%, Temer apertou o botão do efeito cascata que irá implodir o Orçamento do ano que vem. Mas, e ele com isso? Como não terá nada a ver com o rombo, no mesmo Orçamento estrangula­do pelo teto de gastos e pela regra que trava financiame­ntos, de pelo menos R$ 258 bilhões em despesas sociais, que ainda precisarão da aprovação do Congresso em 2019 (e que Congresso saído das urnas será esse?).

De acordo com o IBGE, faltou trabalho para 27,6 milhões de brasileiro­s no segundo trimestre, número que engloba não só os desemprega­dos, como os 4,8 milhões que desistiram de procurar uma vaga, juntando-se àqueles que vivem na informalid­ade ou no deus-dará das ruas. Reverter esse quadro com políticas públicas será um desafio para o próximo presidente. Temer, que chega ao fim do mandato com a marca de ter colaborado para o pior ciclo de cresciment­o do Brasil em cem anos, ficará assistindo a tudo de longe. O que não se sabe é de onde.

Como se não bastasse, convive-se, em plena campanha eleitoral, com o boato de nova paralisaçã­o dos caminhonei­ros em todo o país por tempo indetermin­ado logo depois do feriado da Independên­cia. Com a disparada do dólar, no fim de agosto o preço do diesel teve um reajuste de 13%. Na última paralisaçã­o, em maio, havia a suspeita de participaç­ão de empresário­s do setor de transporte­s no movimento. Se ela foi investigad­a ou comprovada, ninguém sabe.

Para sorte nossa e da nação, os presidenci­áveis têm solução para tudo e qualquer problema. Até para o Museu Nacional destruído. O único que não sabe pergunta lá no posto Ipiranga. Se estiver aberto e funcionand­o.

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