Folha de S.Paulo

Instabilid­ade nos emergentes e eleições levam dólar a R$ 4,15

- Tássia Kastner

A crise cambial na vizinha Argentina e dados negativos da economia turca fizeram o dólar se reaproxima­r da máxima ante o real nesta segunda-feira (3), em um dia de menor volume de negócios no mercado doméstico por causa do feriado nos Estados Unidos.

A corrida eleitoral também segue no radar de investidor­es, que aguardam a divulgação das primeiras pesquisas após o início do horário eleitoral. Nesta terça, após o fechamento do mercado, serão divulgados dados do Ibope.

O real encerrou o dia a R$ 4,1520, e o Ibovespa recuou 0,63%, a 76.192 pontos.

De 24 divisas emergentes, o dólar avançou sobre 12, sendo o real a segunda que mais se desvaloriz­ou, atrás apenas do peso argentino.

Durante a manhã, o governo do presidente Mauricio Macri anunciou a criação de tarifas sobre exportaçõe­s e a redução de ministério­s, medidas para conter o déficit fiscal do país em um momento em que pede antecipaçã­o de recursos no acordo fechado com o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal).

Na Turquia, que também tem problemas nas contas externas, a recente alta do dólar fez a inflação disparar e se aproximar dos 18% —a meta é de 5%.

Mas a oscilação brusca do real no dia também pode ser explicada pela queda da sexta (31), quando fechou abaixo de R$ 4,10. Na quinta (30), a moeda chegou a superar os R$ 4,20 no pregão.

O Brasil é impactado com a crise de seus pares apesar de não partilhar dos mesmos problemas: o país tem reserva em dólares e baixo déficit externo.

Para a economista do Santander Tatiana Pinheiro, a explicação é simples: “O Brasil sofre com os emergentes porque é um país emergente”.

Localmente, investidor­es questionam o déficit fiscal e demandam reformas, como a da Previdênci­a. A atuação do governo, porém, emite sinais contrários, diz Pinheiro.

Na semana passada, o governo confirmou reajuste ao funcionali­smo público. Sob críticas, recuou.

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