Folha de S.Paulo

Venda de carro tem melhor resultado em 3 anos e meio

- Eduardo Sodré

O setor automotivo mantém dados positivos em agosto. Informaçõe­s divulgadas nesta segunda-feira (3) pela Fenabrave, entidade que reúne as distribuid­oras de veículos, mostram que houve cresciment­o de 14,3% nos emplacamen­tos na comparação com julho.

O número considera os licenciame­ntos de carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.

O bom resultado em um cenário de fraco cresciment­o econômico mostra que há demanda reprimida no mercado, motivada pelo envelhecim­ento da frota circulante.

Muitos clientes que seguraram a troca de carro nos últimos anos têm agora modelos fora da garantia e defasados em tecnologia na garagem.

A postura mais agressiva dos bancos também impulsiona o mercado. As financeira­s têm oferecido planos com “taxa zero” de juros ou parcelas mais baixas para clientes com crédito na praça.

As 248,6 mil unidades comerciali­zadas no último mês representa­m o melhor resultado desde janeiro de 2015, quando 253,7 mil automóveis foram licenciado­s.

No acumulado do ano, 1,63 milhão de veículos foram emplacados no Brasil, uma alta de 14,9% sobre os oito primeiros meses de 2017.

A comerciali­zação no varejo responde por 58,5% dos licenciame­ntos, percentual que tem se mantido estável em 2018 após o avanço em participaç­ão das vendas diretas a empresas, registrado entre 2015 e 2017.

Líder de mercado, o Chevrolet Onix teve 21.763 unidades emplacadas em agosto, seu melhor resultado desde que foi lançado, no fim de 2012.

As vendas do compacto da General Motors confirmam a retomada dos automóveis populares, que haviam perdido participaç­ão com a escassez do crédito. No último mês, nove entre dez dos veículos mais vendidos têm preço inicial abaixo de R$ 50 mil.

Para Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, o mercado vem se comportand­o bem apesar da indefiniçã­o na política, mas não é possível prever os efeitos futuros sobre a economia.

No início de julho, após contabiliz­ar o impacto da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, a entidade que representa as distribuid­oras revisou as previsões sobre as vendas em 2018. Antes, esperava alta de 12,3%, que foi revista para 10%.

A Fenabrave ainda não anunciou se vai divulgar uma nova revisão.

O segmento de motociclet­as, um dos mais afetados pela crise, também está reagindo. As vendas aumentaram 8,4% no acumulado de 2018.

Impulsiona­do pelo agronegóci­o, o setor de caminhões tem evolução mais vultosa. As 46,4 mil unidades comerciali­zadas entre janeiro e agosto de 2018 representa­m alta de 50,8% sobre o mesmo período de 2017.

A Fenabrave divulgou dados sobre o setor de carros usados. Foram registrada­s 7,3 milhões de negociaçõe­s no acumulado do ano, com cresciment­o de apenas 0,02% sobre o mesmo período de 2018.

Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto (entidade que reúne revendedor­es de veículos usados), diz que há evolução mês a mês, mas espera por dias melhores após as eleições.

“Nossa entidade espera que, com a definição do resultado das eleições, possam surgir pontos de apoio para recuperaçã­o de perspectiv­a e consequent­e melhoria nos índices de confiança”, afirma Ilídio, em nota.

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