Folha de S.Paulo

Portugal lamenta perdas e ressalta vínculo com Brasil

- Giuliana Miranda Colaborou Diego Bercito

O governo de Portugal destacou a importânci­a do Museu Nacional do Rio também para o país europeu. Em nota, o governo lamentou profundame­nte a destruição causada pelas chamas.

“Quando se comemoram os 200 anos da aclamação de d. João 6º, fundador do originário Museu Real, e do nascimento da rainha de Portugal d. Maria 2ª, ocorrido neste mesmo Palácio de São Cristóvão, somos dramaticam­ente recordados de que também nas tragédias se refletem os vínculos seculares entre os nossos dois países”, diz o texto.

O governo de Portugal lamentou ainda os danos ao edifício, “também ele um marco importante da história comum luso-brasileira”.

Coincident­emente no Brasil para uma visita oficial, o ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes, também destacou a ligação de seu país ao museu da Quinta da Boa Vista.

“Estamos consternad­íssimos. É um monumento muito importante para a história dos dois países”, afirmou o ministro à agência Lusa. “Portugal perde sempre. Perderamse móveis de d. João 6º, os diários da imperatriz Leopoldina. É patrimônio de origem portuguesa, mas é patrimônio cultural do Brasil.”

Então Museu Real, a instituiçã­o foi fundada em 1818 por decreto de d. João 6º, então soberano do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

O incêndio dominou o noticiário em Portugal nesta segunda (3). Os detalhes da destruição e as imagens das labaredas foram manchete na maior parte dos jornais ao longo do dia. O assunto também figura entre os mais comentados em redes sociais no país.

A imprensa portuguesa deu especial destaque à falta de verbas de manutenção do espaço. A falta de água nos hidrantes e a demora para a chegada de caminhões-pipa foram alvos de crítica.

Nesta manhã, a RTP, emissora pública do país, chegou a afirmar que o ministro português tinha uma visita marca- da ao Museu Nacional.

Tratava-se, no entanto, do Museu Histórico Nacional, também no Rio, onde Mendes assinou, com seu homólogo brasileiro, Sérgio Sá Leitão, um memorando para cooperação em comemoraçõ­es relacionad­as à transferên­cia da família real para o Brasil.

O governo de Portugal emprestou obras para a exposição “O Retrato do Rei d. João 6º”, que entra em cartaz no museu histórico em outubro. O empréstimo envolveu uma negociação delicada entre as autoridade­s dos dois países.

Nas redes sociais, muitos portuguese­s lamentaram a perda de mais de 200 anos de história, mas lembraram que a falta de verbas para manutenção de museus também é uma realidade em Portugal.

Em 2017, o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, relatou precisar fechar salas de exposições devido à falta de segurança.

Acompanhan­do a crise, o governo do Egito pediu que a chancelari­a do país prepare um relatório detalhado da condição dos artefatos do museu, que tinha uma coleção de 700 peças egípcias antigas.

“Sentimos uma profunda tristeza pelo que aconteceu”, afirmou Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidad­es do Egito, segundo o jornal Al-Ahram. Ele ofereceu apoio para restaurar as peças.

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