Chef pioneiro, uniu culinária francesa e brasileira no Rio
José Hugo Celidônio foi pioneiro em pesquisar ingredientes brasileiros e introduzi-los na alta gastronomia —muitas vezes casandoos a receitas francesas. Também é tido como o responsável por introduzir o carpaccio em restaurantes cariocas e a circular pelo salão com seu típico traje de chef. Não gostava, no entanto, do título. Se dizia cozinheiro.
Filho de pais cafeicultores, Zé Hugo, para os íntimos, nasceu em São Paulo. Morou em Paris nos anos 1950, mas se radicaria mesmo no Rio de Janeiro, onde viveu por cinco décadas. Era ele quem fazia a ponte para muitos nomes da culinária francesa no Brasil. Recebia aqui chefs como Alain Chapel e Pierre Troisgros (pai de Claude Troisgros).
Também foi responsável por casas como Sol e Mar e Flag, que no fim dos anos 1960 recebia em seu pianobar shows de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão.
Em 1980, abriu na cidade o Club Gourmet, que funcionou por duas décadas e era referência da culinária autoral —onde Zé esbanjava criatividade. Ele reativou o nome da casa no fim do ano passado, no complexo Lagoon, na zona sul do Rio, com serviços de bufê no almoço e à la carte no jantar.
Era onde que batia ponto todos os dias. No menu, folhado de aspargos, com molho hollandaise de pouca acidez ou um filé au poivre, com batatas fritas —lembrando que clássicos bem feitos nunca perdem a majestade. Por fim, o hit do chef há 30 anos: crepe de maracujá.
Foi numa pizzaria no Jardim Botânico, porém, que José Hugo sofreu um infarto, neste domingo (2), aos 86 anos. Deixou a mulher, Marialice, com quem era casado havia 54 anos, dois filhos, Mário César e Geraldo, uma neta e um bisneto.
7º DIA
LUCIA IZABEL FURQUIM
Nesta terça (4/9) às 20h, Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rua Honório Líbero, 90, Jardim Paulistano