Juul e outros tipos de cigarro eletrônico viram alvos nos EUA
Após citar ‘epidemia’ de uso, agência pede que fabricantes provem que podem impedir acesso de jovens
nova york Advertindo que o uso de cigarros eletrônicos por adolescentes havia atingido “proporções epidêmicas”, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, deu à Juul Labs e outros quatro fabricantes dos populares aparelhos de “vaping” um prazo de 60 dias para provar que eles são capazes de impedir o acesso de adolescentes aos seus produtos.
Caso não o façam, a agência alertou, os produtos podem ser retirados do mercado.
A FDA anunciou que estava enviando cartas de advertência a 1,1 mil revendedores — entre os quais lojas de conveniências como a 7-Eleven, Walgreens e Circle K, e os postos de gasolina Shell — e que havia aplicado 131 multas pela venda de cigarros eletrônicos a menores de idade.
Além disso, Scott Gottlieb, da FDA, afirmou em um briefing que a agência estudaria atentamente as lojas dos fabricantes de cigarros eletrônicos na internet. Ele identificou o que definiu como “compras por prepostos” —encomendas em massa dos produtos para revenda a menores.
Práticas como essa deveriam ser aparentes para os fabricantes dos cigarros eletrônicos, ele afirmou.
Se as empresas não sabem, ou não querem saber que essas compras estão acontecendo, ele disse, agora nós as ajudaremos a identificá-las.
Gottlieb afirmou que, se necessário, a FDA apresentaria acusações civis ou criminais contra os responsáveis.
As táticas agressivas do governo revelam um dilema na comunidade de saúde pública: ao tratar um problema de saúde pública — o fumo de cigarros, que mata 480 mil pessoas por ano nos Estados Unidos —, os cigarros eletrônicos criam um problema novo: viciam em nicotina adolescentes que jamais haviam fumado.
“A Juul Labs trabalhará proativamente com a FDA em resposta à sua solicitação”, disse um porta-voz da Juul. “Temos o compromisso de prevenir o uso de nosso produto por menores de idade e queremos ser parte da solução”.
Os quatro outros produtos que terão de cumprir as ordens da FDA em 60 dias são o Vuse, da RJR Vapor; MarkTen, do Altria Group; blu, da Imperial Grand; e aparelhos fabricados pela Logic. Representantes dessas empresas não comentaram de imediato.
Gottlieb declarou muitas vezes acreditar que cigarros eletrônicos e outros produtos podem ser opções efetivas para adultos que desejam parar de fumar mas sentem necessidade de nicotina. Mas, ao anunciar as ações da agência, ele disse que as autoridades regulatórias têm a obrigação de restringir a disponibilidade de aparelhos a fim de impedir o acesso de jovens a eles.
“Inevitavelmente, o que teremos de contemplar são ações que podem estreitar a saída dos adultos que veem cigarros eletrônicos como alternativa viável ao tabaco combustível, a fim de eliminar a rampa de entrada dos garotos”, disse Gottlieb. “É um toma lá dá cá desagradável”.
Segundo a agência, mais de 2 milhões de alunos de ensino médio e secundário eram usuários regulares de cigarros eletrônicos, no ano passado. Gottlieb deixou claro que não acredita que as empresas tenham feito o suficiente para reprimir esse tipo de uso.
“Na minha opinião, elas trataram essas questões como um desafio de relações públicas, em lugar de levarem a sério suas obrigações legais, sua missão em termos de saúde pública e a ameaça que esses produtos representam.”
Os usuários de cigarros eletrônicos inalam muito menos produtos químicos nocivos do que os fumantes de cigarros tradicionais, mas podem consumir níveis de nicotina mais elevados do que os dos cigarros comuns. É a nicotina que vicia.
O Juul, um aparelho imensamente popular que oferece dosagens de nicotina fortes, é o principal alvo da FDA. A empresa lançou o esguio aparelho, que se parece com um pendrive, em 2015. Ele vem com “cartuchos” de oito sabores, entre os quais manga, menta, creme e pepino.
O Juul rapidamente se tornou o mais vendido dos cigarros eletrônicos e virou moda entre os estudantes. De acordo com dados do grupo de pesquisa Nielsen, a Juul controla 72% do mercado, e a empresa é avaliada pelos investidores em US$ 16 bilhões.