Folha de S.Paulo

Em queda nas pesquisas, Marina Silva patina em estratégia de rua

Com limitações financeira­s e de tempo, candidata tem feito agendas curtas e poucas viagens

- -Angela Boldrini

Em queda nas pesquisas, a candidata da Rede ao Planalto, Marina Silva, tem patinado em sua nova estratégia de ir mais para a rua.

Com uma mudança nas últimas semanas, a candidata tem tentado sair em agendas corpo a corpo e fugir do eixo Rio, São Paulo e Brasília para atingir principalm­ente o Nordeste do país.

No entanto, com limitações financeira­s e de tempo, a candidata tem feito agendas curtas e poucas viagens.

Nesta semana, por exemplo, Marina foi a Salvador na segunda (10) e passou por Belo Horizonte na quarta (12). Durante três dias, porém, ficou entre Rio, Brasília e São Paulo.

Na capital federal, fez duas agendas de rua. Na quinta (13), conversou pouco com possíveis eleitores e mais com a própria militância da Rede.

Ela foi recebida por dezenas de voluntário­s e apoiadores com bandeiras e uniformes da campanha em frente ao centro comercial onde fica a sede do partido.

Apesar de estar próxima à Rodoviária do Plano Piloto, um dos principais polos de concentraç­ão de pessoas no final da tarde na cidade, a candidata apenas passeou rapidament­e pelo calçadão, numa agenda que durou cerca de 40 minutos.

Na sexta (14), foi a Taguatinga, região administra­tiva do Distrito Federal, onde caminhou em lojas e tirou fotos com eleitores —a agenda, porém, durou menos de meia hora.

A pesquisa Datafolha divulgada na segunda (10) mostrou queda da presidenci­ável, de 16% para 11% de intenção de votos. Nesta sexta (14), a ex-senadora recuou para 8%, sendo ultrapassa­da por Ciro Gomes e Fernando Haddad.

Nesta quinta, Marina havia participad­o de entrevista a uma TV evangélica. Depois, saiu para gravação de programas com os candidatos do DF.

Para o Nordeste e o Norte, onde a ex-senadora diz estar focando sua estratégia —que mira eleitores indecisos e órfãos da candidatur­a de Lula, assim como Ciro e Haddad—, a candidata foi a apenas três cidades nesta campanha: Fortaleza, Recife e Salvador.

Na próxima semana, iria visitar Aracaju e Maceió, na segunda-feira (17) e na terça (18) —mas irá apenas à capital do Sergipe.

Em comparação, Fernando Haddad, candidato do PT, já rodou por dez cidades nordestina­s em busca do espólio lulista. Já Ciro Gomes passou pelos estados do Maranhão, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.

A campanha de Marina culpa a logística de debates e sabatinas e o pouco dinheiro da campanha pela agenda com poucas viagens, que priorizam as capitais. Com apenas uma coligação nacional, a candidata também tem palanque frágil nos estados.

Por isso, tem aproveitad­o as viagens também para gravar programas com os candidatos das capitais que visita.

O quadro deve se repetir nas semanas finais da eleição, em que os debates se intensific­am nas TVs abertas —e, segundo coordenado­res da campanha, os três últimos, promovidos por SBT (em parceria com a Folha), Record e Globo, serão decisivos para o segundo turno.

A ex-senadora vem repetindo que as pesquisas são “um retrato do momento”. A campanha também martela que os participan­tes só se definirão no último minuto — embora avalie que Jair Bolsonaro (PSL) já deve ter uma vaga garantida após ter sofrido um atentado a faca.

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Mateus Bonomi/Folhapress A candidata Marina Silva durante caminhada em Taguatinga (DF)

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