Folha de S.Paulo

Promotoria vai apurar agressão da GCM a padre

- Alfredo Henrique Agora

O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito para investigar agressões feitas nesta sexta (15) pela GCM (Guarda Civil Metropolit­ana), da gestão Bruno Covas (PSDB), contra o padre Julio Lancellott­i e moradores de rua na Mooca (zona leste).

Segundo documento assinado pelos promotores Eduardo Valerio e Bruno Simonetti, a Promotoria apura se houve truculênci­a na ação da GCM no centro comunitári­o na rua Siqueira Bueno.

O padre e dezenas de pessoas tentaram se abrigar no local após confronto entre a GCM e os moradores de rua. “Começaram [durante a zeladoria] a retirar coisas dos moradores de rua, inclusive materiais reciclávei­s, que eles vendem para poder sobreviver”, afirmou o religioso.

Moradores de rua jogaram pedras contra os guardas, que revidaram com spray de pimenta, armas de choque e balas de borracha. “Me deram socos na barriga, empurraram com escudos, atiraram spray de pimenta no rosto, além de me chamarem de padre de merda”, disse Lancellott­i.

Câmeras de vigilância registrara­m a ação da guarda, que forçou a entrada no local. A Promotoria vai apurar se a guarda descumpriu decreto municipal que proíbe que objetos pessoais sejam apreendido­s em ações de zeladoria, além da invasão truculenta de um equipament­o da rede socio-assistenci­al.

A GCM determinou a apuração “rigorosa” dos fatos. Afirmou que, durante o embate, um guarda levou uma pedrada na cabeça e outros dois se feriram levemente. Acrescento­u que a determinaç­ão da prefeitura é a de que “não sejam retirados pertences de moradores em situação de rua”.

“Lamentamos que a violência diariament­e sofrida pelos moradores de rua se volte agora contra entidades e pessoas que tentam devolver o mínimo de dignidade a esses irmãos”, afirmou a Arquidioce­se de São Paulo.

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