Folha de S.Paulo

Pesquisado­ra, criou ponte cultural entre Brasil e a China

MÁRCIA SCHMALTZ (1973-2018)

- Ricardo Hiar

Quando resolveu passar um tempo estudando na China, a brasileira Bruna Santos pesquisou referência­s no assunto. Os principais resultados sempre a remetiam para a mesma pessoa: Márcia Schmaltz, brasileira que não poupou esforços para estabelece­r uma aproximaçã­o entre Oriente e Ocidente.

“Ela fez um trabalho muito importante, porque foi pioneira em construir pontes entre os dois países, era uma referência”, afirma Bruna.

Nascida em Porto Alegre, Márcia era filha de uma brasileira com um taiwanês e se mudou ainda criança para Taiwan, onde morou com a família por seis anos.

Mais tarde, já no Brasil, fez licenciatu­ra e mestrado em letras. Também se especializ­ou em língua e cultura em Pequim.

Para aproximar a produção cultural dos dois países, Márcia passou a se dedicar a traduções. Tentava simplifica­r clássicos chineses para o público falante do português, assim como levava para a China muito do trabalho e das caracterís­ticas do Brasil.

“Ela era muito centrada e tinha um compromiss­o firme em relação a esses dois países. Tinha uma personalid­ade autêntica, que a permitia transitar bem nos dois meios”, diz Fernanda Ramone, que a conheceu em Pequim.

Premiada, Márcia Schmaltz ganhou mais visibilida­de pelas traduções de clássicos literários como “50 Fábulas da China Fabulosa”e “Contos Sobrenatur­ais Chineses”.

Muito acessível, falava com prazer sobre a temática e defendia com firmeza seus ideais. Dizia que ainda tinha muito trabalho a fazer, mas teve os planos interrompi­dos aos 45 anos. Morreu no dia 7 de setembro, vítima de um câncer no pulmão. Deixa o marido e uma filha.

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