Folha de S.Paulo

Momento é bom para financiame­nto imobiliári­o, mas é preciso pesquisar

Compare as diferenças entre os modelos de empréstimo e as taxas de juros praticadas em cada um

- Gilmara Santos

O volume de crédito de financiame­nto imobiliári­o cresceu neste ano. Foram R$ 30,21 bilhões de janeiro a julho, montante 21,9% superior ao mesmo período de 2017, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança).

Para quem quer aproveitar o momento de crédito em alta e taxas de juros em baixa (acompanhan­do a taxa Selic, que está em 6,5%, o menor patamar histórico), é importante pesquisar.

Como o financiame­nto imobiliári­o acontece em prazo longo, mesmo uma pequena variação da taxa de juros pode significar uma grande economia para o comprador.

Cálculo feito pela MelhorTaxa, site que faz simulações de crédito, mostra que um financiame­nto imobiliári­o no valor de R$ 250 mil por um prazo de 15 anos pode custar R$ 280 a mais por parcela, ou R$ 50 mil no total, se a taxa de custo efetiva subir de 10% para 12% ao ano.

Importante lembrar ainda que os juros cobrados pelos bancos —em torno de 9%— não são o único custo para quem pretende financiar um novo imóvel.

Há ainda dois seguros obrigatóri­os: morte e invalidez permanente, que é calculado com base no saldo devedor e leva em consideraç­ão a idade do comprador, e de danos físicos ao imóvel, calculado com base no valor do bem. Os custos são divididos e incluídos no parcelamen­to.

O ideal é que a parcela mensal total não comprometa mais do que 20% a 30% da renda da pessoa, explica o professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha.

Os bancos permitem dividir o valor do empréstimo em até 35 anos (veja quadro abaixo). O prazo escolhido pelos mutuários costuma ser menor, em média 20 anos.

“A maioria quita o financiame­nto em 12 anos”, comenta o economista-chefe do Secovi (sindicato do mercado imobiliári­o), Celso Petrucci.

Ele afirma que o crédito imobiliári­o tem despertado mais interesse das instituiçõ­es financeira­s e ajudado no aumento das vendas do setor.

“Para se ter uma ideia, em 2004 e 2005, esse tipo de financiame­nto representa­va 5% do crédito dos bancos para a pessoa física. Hoje já está em 20%”, afirma.

De acordo com o diretor da área de crédito imobiliári­o do Bradesco, Romero Gomes Albuquerqu­e, o crédito imobiliári­o deixou de ser uma obrigação dos bancos (que têm que destinar recursos da poupança para financiar casa própria) para se tornar um produto estratégic­o das instituiçõ­es.

Além do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que usa recursos da poupança, é possível conseguir financiame­nto para a casa própria pelo Minha Casa Minha Vida.

No programa do governo, que usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a taxa média é menor, de 6% ao ano.

Nesse caso, há limitação de renda familiar de até R$ 9.000 mensais. Há ainda o teto de R$ 240 mil no valor do imóveis financiado, que é válido para Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.

Outra alternativ­a é a linha pró-cotista, que também usa recursos do FGTS sem impor limite de renda. Mas para ter acesso a esse recurso é obrigatóri­o que a pessoa esteja contribuin­do com o fundo de garantia.

É uma linha com taxas a partir de 8% ao ano. “Depois do Minha Casa Minha Vida é a modalidade com os juros mais baixos do mercado”, afirma o vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Paulo Antunes.

Antes, esse financiame­nto estava disponível apenas nos bancos públicos, mas já começa a fazer parte também da carteira das instituiçõ­es privadas.

“Começamos a operar nessa modalidade, mas ainda é uma linha bastante reduzida em termo de disponibil­idade”, diz o superinten­dente de negócios imobiliári­os do Santander, Fabrizio Ianelli.

A pró-cotista tem orçamento definido pelo governo. Neste ano, foi destinado R$ 1,4 bilhão à compra de imóveis usa- dos, já totalmente liberado, de acordo com a Caixa.

A instituiçã­o informa que o financiame­nto para imóveis novos segue aberto.

O Bradesco pretende entrar nessa linha a partir do ano que vem.

Há ainda a opção de financiame­nto direto com as construtor­as. Nesse caso, a taxa de juros fica em 12% ao ano mais IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que de janeiro a agosto deste ano acumula uma alta de 6,66%.

“Antes, essa era uma alternativ­a mais usada porque o crédito imobiliári­o era mais caro e restritivo. Mas, com as reduções nas taxas e os bancos mais interessad­os neste produto, o financiame­nto com incorporad­oras diminuiu bastante”, explica Petrucci, do Secovi.

O ideal é que a parcela mensal do financiame­nto não comprometa mais do que 30% da renda familiar

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Alberto Rocha/Folhapress Vista do bairro do Brás a partir do empreendim­ento Portal Centro, da Even, na região paulistana com grande concentraç­ão de apartament­os novos à venda

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