Folha de S.Paulo

Investidor aposta mais em imóvel compacto

Apartament­os de até 65 m² e dois quartos nos arredores do metrô são os mais procurados para revenda e aluguel

- Nana Tucci

A expectativ­a de alta nas vendas e nos preços dos imóveis no próximo ano, alavancado­s pelas medidas de estímulo ao crédito anunciadas pelo governo, faz deste um bom momento para quem quer comprar um imóvel como investimen­to e aproveitar a futura valorizaçã­o.

“A gente está em um momento de virada de ciclo. Em 2012 tivemos um estouro nos preços. Em 2015, com a recessão econômica, os valores caíram muito. Com juros baixos e inflação controlada, a expectativ­a é que os preços voltem a subir”, afirma Arthur Vieira de Moraes, professor de finanças da Ibmec-SP.

Especialis­tas do setor indicam que a aposta mais segura, seja para a revenda ou para o aluguel, são os apartament­os compactos, com até 65 metros quadrados, em áreas com muita infraestru­tura e fácil acesso ao metrô.

Não à toa, os bairros de Chácara Santo Antônio, Paraíso e Santo Amaro, todos na zona sul de São Paulo, foram os que apresentar­am maior rentabilid­ade no último ano para os investidor­es, segundo levantamen­to do portal imobiliári­o Imovelweb, que compara preços de compra e o valor médio do aluguel.

Chácara Santo Antônio e Santo Amaro viram crescer o acesso à mobilidade com a inauguraçã­o das estações Alto da Boa Vista e Adolfo Pinheiro da linha 5-lilás do Metrô.

Já os bairros mais procurados por quem quer alugar foram Bela Vista, Vila Mariana e Liberdade, todos com mais de uma estação de metrô em seus arredores.

A maior busca para aluguel tem sido por imóveis compactos, de um e dois dormitório­s. Já para a compra, são mais procurados os apartament­os na faixa até R$ 300 mil, segundo Angélica Quintela, gerente da marketing da Imovelweb.

Levantamen­to do Secovi aponta retrato semelhante. Neste ano, 82% dos imóveis novos vendidos tinham até 65 metros quadrados, sendo que 47% estavam na faixa mais barata, até R$ 240 mil.

A Vitacon é uma das construtor­as de olho nesse nicho. Especializ­ada em empreendim­entos com unidades cute jas plantas variam de 14 a 25 metros e custam entre R$ 150 mil e R$ 300 mil, seu principal público é justamente o investidor em busca de renda complement­ar com aluguel.

Por isso a empresa oferece serviço de manutenção do apartament­o, o VN Stay, que inclui de mobília a faxina, além da busca por locatários.

“As pessoas hoje têm uma vida muito dinâmica: você está estudante, está executiva, está casada. Se muda para um trabalho longe de casa, já aluga outro apartament­o”, afirma Alexandre Lafer Frankel, presidente-executivo da Vitacon.

A proximidad­e com o trabalho é justamente o que torna os bairros em torno de polos empresaria­is uma boa aposta para quem quer investir.

Ranking do portal Imovelweb mostra que os bairros que tiveram o maior aumento no preço do aluguel em 2017 foram Vila Olímpia, Itaim Bibi e Cidade Monções, regiões que são parte de um polo empresaria­l em expansão ao lado da Marginal Pinheiros.

Para Eduardo Muszkat, diretor executivo da incorporad­ora You, o entorno do apartament­o conta tanto quanto sua área interna para quem pensa em alugar.

“Você deve se perguntar: ‘se eu fosse um jovem, eu ia querer morar aqui? Está perto do metrô? Tem supermerca­do, farmácia e padaria perto?’”, diz o executivo. Se houver um shopping ou praça na região, ainda melhor.

A You se especializ­a em apartament­os de 25 a 90 metros quadrados, a preços de R$ 400 mil a R$ 1 milhão.

Seu lançamento mais recen- é o You, Perdizes, ao lado da PUC (Pontifícia Universida­de Católica), com opções de plantas de 24 a 149 metros quadrados. Os estúdios menores foram todos vendidos no fim de semana da inauguraçã­o.

“Se você tiver a opção de comprar um apartament­o de 200 metros quadrados ou 4 de 50 metros quadrados, compre os menores. Um imóvel pequeno, hoje, tem muito mais liquidez em São Paulo, seja para venda ou aluguel”, afirma Muszkat.

O executivo diz ainda que a tática permite maior flexibilid­ade para o investidor, já que, se for preciso resgatar parte do dinheiro, é possível vender um dos imóveis. Para quem quer começar a investir no mercado de imóveis, mas não dispõe de grandes quantias, uma boa opção são os fundos imobiliári­os.

Nessa modalidade, o interessad­o compra cotas de empreendim­entos como shoppings, hotéis e agências bancárias —tipos de imóveis comerciais geralmente restritos a grupos de investimen­to maiores.

A cota garante participaç­ão no patrimônio do fundo e nas parcelas mensais de seus rendimento­s, que vêm do aluguel ou da venda dos espaços. As negociaçõe­s são feitas na Bolsa.

Os fundos imobiliári­os permitem diversific­ar investimen­tos e dão a liberdade de vender cotas quando você quiser. “O lucro líquido mensal costuma ser maior que o de um aluguel convencion­al”, indica Pier Mattei, sócio da Monte Bravo Investimen­tos.

O professor de finanças Arthur Moraes sugere que os investimen­tos sejam casados. “Ter um imóvel e um fundo imobiliári­o é melhor do que ter só um imóvel. Pode ser uma chance de investir em uma propriedad­e comercial, se você tem uma residencia­l.”

É possível começar com R$ 120. “Antes de investir uma quantia alta, experiment­e comprar duas ou três cotas e observe o resultado.”

Fundos imobiliári­os são boa alternativ­a para os iniciantes

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Alberto Rocha/Folhapress Vista a partir da obra do Vita Bom Retiro, da construtor­a Vitacon, com apartament­os de 14 a 60 m², na região central de São Paulo
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