Folha de S.Paulo

Ciro xinga e empurra interlocut­or em RR

Candidato chamou-o de ‘filho da puta’ e deu leve empurrão ao ser provocado em pergunta sobre fronteira venezuelan­a

- Isabel Fleck e Bruno Boghossian

são paulo e brasília O candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes, xingou e deu um empurrão em um homem que fez uma pergunta a ele durante entrevista em um evento de campanha em Boa Vista, Roraima, neste sábado (15).

Luiz Nicolas Maciel Petri, que é jornalista e tem uma produtora que presta serviços para o candidato ao Senado Chico Rodrigues (DEM), perguntou a Ciro se ele reafirmava o que disse “sobre brasileiro­s que fizeram aquela manifestaç­ão na fronteira [com a Venezuela], que [ele] chamou os brasileiro­s de canalhas, desumanos e grosseiros”.

Irritado, Ciro chamou Petri de “filho da puta” e deu um leve empurrão nele. Em seguida, mandou que apoiadores o retirassem do local e o prendessem, dizendo que é “do [senador] Romero Jucá”.

“Vai para a casa de Romero Jucá, seu filho da puta. Pode tirar esse daqui, esse aqui é do Romero Jucá. Tira ele, tira ele, prende ele aí”, disse Ciro.

Questionad­o neste domingo (16), Ciro disse que “apareceram lá uns provocador­es, mas acho que se deram muito mal”.

A assessoria do candidato diz que Petri não é jornalista e que foi lá com a intenção de provocar Ciro. Segundo a assessoria, ele trabalha para Jucá, que concorre à reeleição.

Em seu perfil em rede social, Petri disse que estava cobrindo o evento com Ciro para o seu programa de TV e que levou um soco na barriga. “Apenas fiz uma pergunta. Lamento que um candidato a presidente tenha esse tipo de atitude”, escreveu.

Petri apresenta o programa “Saldo Positivo”, na TV Tropical, afiliada do SBT, que trata de “empreended­orismo, novos negócios e gestão”.

À Folha ele disse não ser funcionári­o da emissora. “Tenho um horário comprado, o meu programa é terceiriza­do, pago com patrocinad­ores privados”.

Ele é proprietár­io de uma empresa com o nome de seu programa, a Saldo Positivo Comunicaçã­o e Marketing, que, segundo o TSE, recebeu R$ 70 mil pelo prestação de serviços para o candidato do DEM ao Senado Chico Rodrigues — opositor de Ciro no estado.

“Realizei vídeos para o candidato Chico Rodrigues, do Democratas, e continuo produzindo, mas não tenho gestão alguma sobre a campanha dele. A linha editorial, as palavras, o que o Chico Rodrigues fala —nada disso nós fazemos”, afirmou.

Segundo Petri, sua produtora fez vídeos para os candidatos a deputado estadual de Roraima da coligação que inclui o MDB. Ele, no entanto, afirma não ter feito nenhum trabalho para Jucá.

Disse ainda que estava no evento como jornalista e que fez uma pergunta “que estava entalada na garganta de toda a população de Roraima”.

Questionad­o se conhece Petri, Jucá afirmou que “todo mundo em Roraima conhece todo mundo”, mas destacou que ele trabalha para a afiliada do SBT, que pertence a Luciano Castro (PR), seu “adversário nessa eleição” ao Senado.

Desde o início da campanha, Ciro vem tentando amenizar a imagem de pavio curto, que se consolidou durante sua carreira. Mas voltou a usar frases fortes nos últimos dias.

Na semana passada, Ciro disse que o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, iria “em cana” por declaraçõe­s que deu sobre a eleição.

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Nelson Almeida/AFP Ciro durante ato de campanha em SP domingo
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Reprodução O candidato xinga o jornalista (à esq.) no sábado

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