Folha de S.Paulo

Paulistas têm de defender as universida­des estaduais

Fonte de recursos das instituiçõ­es deve ser mantida

- Vahan Agopyan, Marcelo Knobel e Sandro Valentini Reitores de USP, Unicamp e Unesp, respectiva­mente

As três universida­des públicas do estado de São Paulo —USP, Unicamp e Unesp— constituem um dos maiores patrimônio­s paulistas. Financiada­s com recursos provenient­es da arrecadaçã­o estadual do ICMS, cumprem com excelência sua missão de formar pessoas altamente qualificad­as, de promover o avanço científico e tecnológic­o, e de transferir os resultados de suas pesquisas para a sociedade na forma de novos produtos, serviços e políticas públicas.

É necessário que a população de São Paulo compreenda a importânci­a estratégic­a das atividades que essas universida­des desempenha­m nas 31 cidades do Estado em que estão presentes. E que defenda com veemência a manutenção das condições que têm garantido o sucesso das três universida­des.

Lutar a favor das estaduais paulistas significa lutar a favor de São Paulo e do Brasil, para cujo desenvolvi­mento social e econômico elas vêm contribuin­do há décadas de maneira intensa e decisiva.

USP, Unicamp e Unesp compõem um sistema de ensino superior coeso, robusto e eficiente. Juntas, oferecem formação da mais alta qualidade para aproximada­mente 117 mil alunos de graduação e quase 62 mil de pós-graduação, respondem por 35% da produção científica nacional e prestam serviços fundamenta­is às populações de São Paulo e de outros estados, em especial na área da saúde. Não é de espantar, portanto, que os principais rankings internacio­nais especializ­ados as classifiqu­em entre as melhores universida­des da América Latina.

Manter um sistema de ensino superior de excelência como o paulista custa caro em qualquer lugar do mundo. Há que se exaltar, portanto, o esforço que USP, Unicamp e Unesp vêm fazendo para operar com orçamentos deficitári­os sem compromete­r a qualidade de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Nos últimos cinco anos, as despesas das três universida­des superaram os repasses recebidos do governo do estado em 20%, em média. A saída tem sido cortar gastos, buscar formas mais eficientes de usar os recursos disponívei­s e gerar receitas adicionais por meio da prestação de serviços e do estabeleci­mento de parcerias com os setores público e privado.

Os chamados fundos patrimonia­is, cuja associação a instituiçõ­es públicas acaba de ser autorizada por medida provisória, apresentam-se como uma interessan­te fonte adicional de financiame­nto estável e de longo prazo para as estaduais paulistas. Isso não significa, contudo, que elas devam deixar de lutar por mais recursos oriundos do Tesouro do estado.

O governo de São Paulo destina os mesmos 9,57% da arrecadaçã­o estadual do ICMS às suas universida­des desde 1995. Ocorre que as três instituiçõ­es cresceram de forma consideráv­el nesses quase 25 anos, tanto em área física como em quantidade de cursos oferecidos e alunos matriculad­os. Só na graduação, o número de alunos aumentou 75,7% na USP, 98,8% na Unicamp e 93,7% na Unesp.

Se quiser manter a dianteira nacional no que se refere à formação de recursos humanos, ao avanço científico, à inovação tecnológic­a e ao empreended­orismo, é primordial que o estado de São Paulo valorize suas universida­des públicas e lhes garanta orçamentos compatívei­s com o porte atual e com a complexida­de dessas instituiçõ­es.

Em tempos de eleições majoritári­as e proporcion­ais, de discursos contrários ao ensino superior público gratuito e de ameaças de corte dos recursos governamen­tais para ciência e tecnologia, a população paulista deve ter sempre em mente a força transforma­dora das três universida­des que ajuda a custear por meio do ICMS. Apoiar a USP, a Unicamp e a Unesp é apoiar o desenvolvi­mento de São Paulo e do Brasil.

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