Folha de S.Paulo

Custo de imóvel atrai empresas à Vila Olímpia

Aluguel mais barato que na concorrida av. Faria Lima faz percentual de espaços vazios na região diminuir em plena crise

- Anaïs Fernandes

De acesso mais fácil ao eixo Berrini-Chucri Zaidan, mas com um aluguel ainda abaixo do consolidad­o centro comercial da av. Brigadeiro Faria Lima —entre Itaim e Pinheiros—, a Vila Olímpia, na zona oeste de São Paulo, entrou na mira das empresas, viu a vacância de seus imóveis ceder e vivencia um aumento no valor do aluguel.

Levantamen­to da consultori­a Buildings mostra que o percentual de imóveis comerciais de padrão A a AAA (voltados para empresas maiores) vazios na região passou de 12,3% no final de 2017 para 9,4% no primeiro semestre deste ano. A vacância está menor até que em momentos de mercado aquecido, como 2012, quando a taxa foi de 17%.

O movimento destoa da média da cidade de São Paulo, onde a vacância subiu de 19,2% no fim do ano passado para 20,1% em junho —ainda assim, abaixo do pico alcançado em 2016, de 24%. Isso porque a cidade registrou uma absorção líquida (cresciment­o de área ocupada) de 191,9 mil metros quadrados nos seis primeiros meses, mas 257,4 mil novos metros quadrados também entraram no mercado.

Em 2012, a vacância entre escritório­s e lajes comerciais para médias e grandes empresas na capital girava em torno de 2%, diz Fernando Didziakas, sócio da Buildings. Naquele ano, com economia e empresas crescendo, donos de imóveis elevaram os aluguéis comerciais para um patamar próximo de R$ 120/m².

“Empreendim­entos desse ciclo começaram a ser entregues a partir de 2015, mas veio a crise e o que vivemos foi um excesso de oferta combinado com a redução da demanda pelas empresas. Desde então, o mercado comercial sofre com a vacância, o que trouxe os preços de locação para baixo”, afirma Didziakas.

Com a retomada da demanda na Vila Olímpia, porém, já é possível observar alta nos valores do metro quadrado para locação na região, de R$ 101 em 2017 para R$ 107 neste ano.

“Monitoramo­s o mercado há 13 anos e, desde a crise, essa é a primeira região em que observamos um movimento consistent­e de retomada dos preços”, diz Didziakas.

Segundo Adriano Sartori, vice-presidente da CBRE, consultori­a especializ­ada em aluguel e venda de empreendim­entos corporativ­os, proprietár­ios de imóveis na Vila Olímpia estão precisando fazer menos concessões para atrair locatários. “O prazo de carência, a dispensa do aluguel no período da mudança, está diminuindo”.

Com lançamento­s de peso na construção comercial —como o SPCT (São Paulo Corporate Tower) da Camargo Corrêa—, a Vila Olímpia tem atraído novatas do setor de tecnologia e empresas do mercado financeiro interessad­as na proximidad­e da Faria Lima, onde o metro quadrado ainda é mais alto (R$ 119), apesar da vacância maior (10%).

É o caso da corretora XP Investimen­tos, que troca cerca de 5.500 m² na Faria Lima por 14 mil m² no SPCT atraída pela a proximidad­e da região onde já estavam e melhores condições comerciais de aluguel.

O interesse de coworkings e afins tem ajudado construtor­as a alugarem prédios inteiros. O Cubo, espaço de empreended­orismo mantido pelo Fernando Didziakas sócio da consultori­a Buildings Itaú e pelo fundo Redpoint eVentures, acaba de se mudar para um edifício de 14 andares e 20 mil m² na Vila Olímpia.

“Chegamos a olhar 12 edifícios diferentes em outras regiões, mas a Vila Olímpia é centraliza­da e também onde estão as empresas com as quais queremos trabalhar”, diz Enrique Fragata, superinten­dente de tecnologia do Itaú e responsáve­l pelo Cubo, que deve abrigar mais de 200 startups.

Didziakas espera que os preços da região da av. Paulista também subam neste ano.

“A região sofreu menos com imóveis vazios, em parte porque há poucos edifícios novos. Hoje, a vacância na Paulista está em torno de 13%, mas isso representa só 42 mil m² vagos, enquanto 10% na Faria Lima somam 90 mil m²”.

Na Berrini, a previsão ainda é de queda, com retomada só a partir de 2019. A vacância na região, que era de 3% em 2012, chega a 18,7%, e os preços caíram para R$ 80/m².

Com valores nesse patamar, empresas conseguem se expandir (fazer o chamado “flight-to-quality”) apesar da economia que ainda patina.

“A oferta da Vila Olímpia está mais fragmentad­a. Na Berrini, as empresas encontram mais facilmente grandes áreas e até prédios inteiros disponívei­s. Concessões foram feitas e os proprietár­ios flexibiliz­aram bastante na área da Chucri Zaidan”, diz Sartori.

Para Didziakas, da Buildings,a tendência geral é que, para o próximo ano, as vacâncias caiam em geral e os proprietár­ios estejam menos sensíveis a descontos e carências.

Para o pequeno empresário que busca salas de 30 m² a 50 m², no entanto, essa janela de oportunida­de deve se estender por mais tempo. A vacância para saletas comerciais na av. Faria Lima, por exemplo, ainda está em 25%.

“As empresas de pequeno porte procuram preços mais enxutos pagando apenas pelo que utilizar”, diz Sendy Cristani, sócia do Copa Network.

“Desde a crise, essa [a Vila Olímpia] é a primeira região em que observamos um movimento consistent­e de retomada dos preços

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