Mostra de SP terá vencedor de Cannes e filme de Spike Lee com filho de Denzel
Três dos filmes que provocaram maior comoção no Festival de Cannes neste ano desembarcarão no Brasil em outubro para a programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
“Assunto de Família”, filme pelo qual o diretor japonês Hirokazu Kore-eda venceu a Palma de Ouro no festival francês, está entre eles. De Spike Lee vem “Infiltrado na Klan”, baseado na história real de um policial negro que quer desbaratar as ações do grupo racista Ku Klux Klan.
Quem também engrossa a lista é “3 Faces”, do iraniano Jafar Panahi. Preso político em seu país, o diretor foi impedido de comparecer à estreia do seu filme em Cannes.
Principal vencedor da mostra francesa, “Assunto de Família” remexe no assunto favorito de Kore-eda: relações familiares. A trama acompanha a história de Osamu (Lily Franky) e Nobuyo (Sakura Ando), casal semimiserável que vive de pequenos golpes para sustentar os filhos.
O pai se banca com furtos em supermercados. A filha ganha trocados como stripper. A pensão da mãe de Osamu ajuda a completar o orçamento curto. Certa noite, o patriarca topa com uma menininha que parece abandonada e a acolhe em sua casa.
O evento é o começo do desmoronamento de todas as mentiras que sustentam aquela família. O diretor registra tudo com altas doses de ternura e com um humanismo que conquistou os jurados em Cannes.
Já o filme de Spike Lee traz John David Washington, filho de Denzel, como o policial Ron. Estamos na década de 1970, e os vários movimentos negros em ebulição estão na mira da polícia.
Também são tempos de acirramento do outro lado. A Ku Klux Klan está a toda. E Ron, ajudado pelo colega judeu Flip (Adam Driver) consegue se infiltrar na organização racista sem que os membros se deem conta de que ele é negro.
“Infiltrado” é um petardo contra Trump, a quem o diretor acusa de insuflar o ódio racial. Faturou em Cannes o grande prêmio do júri, o segundo principal do festival.
Já “3 Faces”, de Panahi, faz uma crítica à cultura conservadora de seu país. A história gira em torno de uma aspirante a atriz, proibida pelos pais de estudar atuação, que pede ajuda a uma outra atriz.
Em 2010, o diretor foi condenado a seis anos de prisão domiciliar e a ficar 20 anos sem filmar, sob a acusação de fazer propaganda contra o governo do Irã. Isso não o impediu de continuar lançando filmes de maneira secreta.
A inclusão de “3 Faces” reforça o papel da mostra paulistana de principal vitrine do cinema iraniano no Brasil.
Um dos mais importantes eventos de cinema do país, a Mostra também exibirá o novo de Lars von Trier, “A Casa que Jack Construiu”; e receberá ainda uma instalação em realidade virtual da artista multimídia Laurie Anderson.