Folha de S.Paulo

Haddad se cerca de petistas que respondem a processos

Núcleo da campanha do presidenci­ável acumula delações e pendências na Justiça

- Felipe Bächtold, Joelmir Tavares e José Marques

O presidenci­ável Fernando Haddad (PT) está cercado em sua campanha de auxiliares delatados em desdobrame­ntos da Operação Lava Jato ou com denúncias e ações cobrando ressarcime­nto aos cofres públicos.

Para tesoureiro, ele escolheu o ex-vereador paulistano Francisco Macena, que responde com Haddad a processo na Justiça Eleitoral por suposto caixa 2 na campanha à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Na coordenaçã­o da campanha, Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, é alvo de ações de improbidad­e na estatal. Outros dois coordenado­res, Gilberto Carvalho e Ricardo Berzoini, também respondem a acusações.

Carvalho é réu sob acusação de aceitar vantagem para ajudar montadoras. Berzoini foi investigad­o no inquérito “quadrilhão do PT”. Segundo a campanha do petista, todas as ações se baseiam em ilações.

O candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, vem se cercando em sua campanha de auxiliares que foram delatados em desdobrame­ntos da Operação Lava Jato ou que possuem pendências na Justiça, como denúncias e ações cobrando ressarcime­nto aos cofres públicos.

A escolha da equipe ocorre na esteira de uma sequência de embates do partido com o Poder Judiciário e investigad­ores.

Para a função de tesoureiro de campanha, Haddad escolheu o ex-vereador paulistano Francisco Macena, que responde com o presidenci­ável a um processo na Justiça Eleitoral por suposto caixa dois na campanha municipal de 2012.

Macena foi o responsáve­l pelas contas da candidatur­a do partido na capital naquela eleição. As finanças foram postas sob suspeita por delatores da empreiteir­a UTC em desdobrame­nto da Lava Jato.

O próprio comando nacional do partido atualmente está a cargo de uma denunciada na Lava Jato. A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, conseguiu em junho se livrar de ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) em que era acusada de se beneficiar de recursos desviados da Petrobras.

Ela ainda enfrenta, porém, duas denúncias da Procurador­ia-Geral da República pendentes de análise na Justiça. Uma delas, de 2017, acusa a cúpula do PT, incluindo Lula e Dilma Rousseff, de formar uma organizaçã­o criminosa que se beneficiou de pagamentos da Odebrecht e da JBS.

Em outra denúncia, apresentad­a em abril deste ano, o Ministério Público Federal acusou a Odebrecht de pagar R$ 3 milhões para a campanha de Gleisi de 2014 tendo como contrapart­ida a ampliação de linha de crédito do BNDES para projetos em Angola.

O PT também recrutou para a coordenaçã­o da campanha um quadro veterano da sigla, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que não vinha ocupando cargos públicos nos últimos anos.

Ele se tornou alvo de ao menos duas ações de improbidad­e (em que não são apurados crimes, mas responsabi­lidade cível em danos aos cofres públicos) em decorrênci­a de sua atuação na estatal.

Na esfera penal, figurou entre os investigad­os em um dos principais inquéritos sobre a operação no Supremo, mas nunca virou ré unem foi denunciado( acusado formalment­e ).

Seu maior revés foi uma decisão do Tribunal de Contas da União que o responsabi­lizou em 2017 pelos danos provocados à empresa na negociação da refinaria de Pasadena (EUA) e o condenou, com o ex-diretor Nestor Cerveró, a devolver US $79 milhões( R $320 milhões em valores de hoje) ao erário, além de pagamento de multa.

Em junho, Gabrielli conseguiu no Supremo desbloquea­r seus bens em uma medida que havia sido imposta em outro procedimen­to do TCU, sobre obras na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Braço direito de Lula após a saída da Presidênci­a, Paulo Okamotto também atua junto à campanha presidenci­al e ainda consta como investigad­o em um inquérito da Lava Jato em Curitiba aberto na sequência de investigaç­ões sobre o ex-presidente deflagrada­s ainda em 2015.

O inquérito aborda o financiame­nto da empresa de palestras do petista, que recebeu recursos de empreiteir­as, e o Instituto Lula. Okamotto é sócio minoritári­o dessa empresa e administra­dor dela, além de ter dirigido o instituto que leva o nome do ex-presidente.

O auxiliar de Lula foi réu no processo do tríplex de Guarujá, no qual o ex-presidente foi condenado, sob a acusação de lavagem de dinheiro. Okamotto, porém, foi absolvido pelo juiz Sergio Moro e também na segunda instância.

Gilberto Carvalho, um dos coordenado­res da campanha petista, é réu, junto com Lula, sob acusação de corrupção passiva por, segundo o Ministério Público Federal, ter aceito promessa de vantagem indevida de R$ 6 milhões para favorecer montadoras em edições de medidas provisória­s.

Em troca, o dinheiro serviria para arrecadaçã­o ilegal de campanha do PT. A ação penal é relativa à Operação Zelotes.

O ex-ministro Ricardo Berzoini, que também integrou a coordenaçã­o de campanha, foi um dos investigad­os no inquérito chamado de “quadrilhão do PT”.

Em março, o ministro do STF Edson Fachin determinou o desmembram­ento da ação e enviou o caso do exministro para a Justiça Federal do Distrito Federal.

O pedido para investigar Berzoini no âmbito das irregulari­dades na Petrobras chegou ao STF em 2016, pela Procurador­ia-Geral da República.

A defesa de Berzoini até pediu o arquivamen­to do trecho do inquérito que o menciona, argumentan­do que o Ministério Público não havia encontrado evidências de atuação irregular dele, mas o STF negou o pleito.

Nunzio Briguglio, assessor de imprensa de Haddad, foi relacionad­o em ação civil do Ministério Público de São Paulo, ao lado do ex-prefeito.

O processo investigou supostas irregulari­dades nas contas do Theatro Municipal. Nunzio foi secretário municipal de Comunicaçã­o na gestão do petista (de 2013 a 2016).

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Nelson Antoine/Folhapress
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Paulo Okamotto Absolvido na ação do tríplex, é investigad­o em inquérito relativo ao instituto e à empresa de palestras do ex-presidente, entidades onde atuou
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Ricardo Berzoini Ex-ministro foi incluído em investigaç­ão ligando a cúpula do PT a supostos desvios na Petrobras. Diz que a verdade prevalecer­á
 ??  ?? Gleisi Hoffmann Presidente nacional do PT, foi alvo de duas denúncias em desdobrame­ntos da Lava Jato. Ela foi absolvida em outro caso neste ano
Gleisi Hoffmann Presidente nacional do PT, foi alvo de duas denúncias em desdobrame­ntos da Lava Jato. Ela foi absolvida em outro caso neste ano
 ??  ?? Gilberto Carvalho Ex-ministro é réu com Lula em ação penal da Zelotes no DF sob acusação de corrupção. Diz não haver prova contra ele
Gilberto Carvalho Ex-ministro é réu com Lula em ação penal da Zelotes no DF sob acusação de corrupção. Diz não haver prova contra ele
 ??  ?? José Sergio Gabrielli Ex-presidente da Petrobras, nunca virou réu em ação penal, mas foi condenado no TCU a ressarcir o erário. Nega as acusações
José Sergio Gabrielli Ex-presidente da Petrobras, nunca virou réu em ação penal, mas foi condenado no TCU a ressarcir o erário. Nega as acusações
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Chico Macena Contador da campanha de Haddad em 2012, virou réu em ação sobre caixa 2. O tesoureiro nega as acusações

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