Folha de S.Paulo

MANIFESTAN­TES PROTESTAM CONTRA BOLSONARO NAS PRINCIPAIS CAPITAIS

Presidenci­ável deixou o hospital neste sábado e não falou com apoiadores

- Guilherme Seto, Talita Fernandes, Lucas Vettorazzo, Joana Cunha e Claudia Collucci

Protestos contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) reuniram dezenas de milhares de pessoas em capitais como São Paulo, Rio, Brasília, Salvador e BH.

Ao menos 30 municípios do país tiveram atos da campanha #EleNão, além de cidades do exterior. Em SP, o protesto ocupou o largo da Batata (foto).

No mesmo dia, Bolsonaro teve alta após 23 dias de internação. Apoiadores também fizeram atos em defesa do candidato.

são paulo, brasília e rio de janeiro O candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, recebeu alta e deixou o hospital neste sábado (29), 23 dias após levar uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

O presidenci­ável estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi liberado pelos médicos por volta das 10h e embarcou para o Rio de Janeiro, onde mora, em um voo comercial.

Durante o trajeto, Bolsonaro não parou para falar com a imprensa nem com apoiadores —ele embarcou por um portão reservado para oficiais. Grupos se reuniram para recebê-lo nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont e também na região de sua residência, na Barra da Tijuca, mas ele não apareceu para cumpriment­á-los.

À noite, cerca de cem apoiadores com bandeiras do Brasil e caixas de som continuava­m em frente ao condomínio do candidato e impediram, com gritos e provocaçõe­s, que ao menos duas equipes de TV fizessem a transmissã­o do ato.

Pelo país também houve atos em apoio ao candidato, que já estavam marcados em reposta ao movimento#EleNão (leia mais na pág. A12)

Um deles, na praia de Copacabana, no Rio, foi organizado pela ex-militante feminista Sara Winter, que foi ativista do Femen e hoje é candidata a deputada federal. Participan­tes vestiam camisas nas cores verde e amarelo com o rosto de Bolsonaro.

Outros eventos em defe- sa do político também estão sendo marcados em redes sociais para este domingo (30), inclusive um encontro na avenida Paulista.

Bolsonaro foi esfaqueado em 6 de setembro por Adélio Bispo de Oliveira, que está preso no presídio federal de Campo Grande (MS).

O inquérito que apurou o crime foi concluído na sexta-feira (28) e apontou que Oliveira agiu movido por “inconformi­smo político”, em razão de “discordar de algumas opiniões políticas e alguns discursos” de Bolsonaro. Foi descartada a participaç­ão de outras pessoas.

O autor do ataque foi indiciado por crime previsto na LSN (Lei de Segurança Nacional), que prevê pena de seis a 20 anos de reclusão.

Apesar da liberação, Bolsonaro deve permanecer em casa por pelo menos dez dias, seguindo orientação médica.

Durante a internação ele passou por duas cirurgias: uma para corrigir os danos causados pela facada, que atingiu o abdômen, e outra para a retirada de aderências que obstruíam o intestino delgado.

Ainda está prevista uma terceira, para retirar a colostomia (bolsa coletora de fezes). O procedimen­to, porém deve acontecer após o segundo turno, a depender da recuperaçã­o do candidato.

Segundo médicos, é muito comum esperar entre dois e seis meses para fazer a reconstitu­ição por causa do risco de infecção.

Durante esse tempo, Bolsonaro continuará com uma bolsa plástica de 500 ml.

A cirurgia de reversão consiste em emendar a parte do intestino que estava conectada à bolsa coletora de fezes à outra que ficou fechada dentro do abdômen, reconstitu­indo o trânsito intestinal.

O procedimen­to, quando feito de forma programada e com o paciente em boas condições de saúde, tem baixos riscos. Na literatura médica, são apontados como eventuais problemas fístulas (abertura da emenda) ou de obstruções (fechamento da área da emenda).

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Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress GRUPO FAZ TOUR COM BONECO INFLÁVEL DE MOURÃO Boneco do general Hamilton Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL), é montado no Ibirapuera; grupo que defende a intervençã­o militar quer espalhá-lo por pontos de SP, como a avenida Paulista
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Leonardo Benassatto/Reuters Bolsonaro acena em avião comercial para o Rio, após receber alta

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