MANIFESTANTES PROTESTAM CONTRA BOLSONARO NAS PRINCIPAIS CAPITAIS
Presidenciável deixou o hospital neste sábado e não falou com apoiadores
Protestos contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) reuniram dezenas de milhares de pessoas em capitais como São Paulo, Rio, Brasília, Salvador e BH.
Ao menos 30 municípios do país tiveram atos da campanha #EleNão, além de cidades do exterior. Em SP, o protesto ocupou o largo da Batata (foto).
No mesmo dia, Bolsonaro teve alta após 23 dias de internação. Apoiadores também fizeram atos em defesa do candidato.
são paulo, brasília e rio de janeiro O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, recebeu alta e deixou o hospital neste sábado (29), 23 dias após levar uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
O presidenciável estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi liberado pelos médicos por volta das 10h e embarcou para o Rio de Janeiro, onde mora, em um voo comercial.
Durante o trajeto, Bolsonaro não parou para falar com a imprensa nem com apoiadores —ele embarcou por um portão reservado para oficiais. Grupos se reuniram para recebê-lo nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont e também na região de sua residência, na Barra da Tijuca, mas ele não apareceu para cumprimentá-los.
À noite, cerca de cem apoiadores com bandeiras do Brasil e caixas de som continuavam em frente ao condomínio do candidato e impediram, com gritos e provocações, que ao menos duas equipes de TV fizessem a transmissão do ato.
Pelo país também houve atos em apoio ao candidato, que já estavam marcados em reposta ao movimento#EleNão (leia mais na pág. A12)
Um deles, na praia de Copacabana, no Rio, foi organizado pela ex-militante feminista Sara Winter, que foi ativista do Femen e hoje é candidata a deputada federal. Participantes vestiam camisas nas cores verde e amarelo com o rosto de Bolsonaro.
Outros eventos em defe- sa do político também estão sendo marcados em redes sociais para este domingo (30), inclusive um encontro na avenida Paulista.
Bolsonaro foi esfaqueado em 6 de setembro por Adélio Bispo de Oliveira, que está preso no presídio federal de Campo Grande (MS).
O inquérito que apurou o crime foi concluído na sexta-feira (28) e apontou que Oliveira agiu movido por “inconformismo político”, em razão de “discordar de algumas opiniões políticas e alguns discursos” de Bolsonaro. Foi descartada a participação de outras pessoas.
O autor do ataque foi indiciado por crime previsto na LSN (Lei de Segurança Nacional), que prevê pena de seis a 20 anos de reclusão.
Apesar da liberação, Bolsonaro deve permanecer em casa por pelo menos dez dias, seguindo orientação médica.
Durante a internação ele passou por duas cirurgias: uma para corrigir os danos causados pela facada, que atingiu o abdômen, e outra para a retirada de aderências que obstruíam o intestino delgado.
Ainda está prevista uma terceira, para retirar a colostomia (bolsa coletora de fezes). O procedimento, porém deve acontecer após o segundo turno, a depender da recuperação do candidato.
Segundo médicos, é muito comum esperar entre dois e seis meses para fazer a reconstituição por causa do risco de infecção.
Durante esse tempo, Bolsonaro continuará com uma bolsa plástica de 500 ml.
A cirurgia de reversão consiste em emendar a parte do intestino que estava conectada à bolsa coletora de fezes à outra que ficou fechada dentro do abdômen, reconstituindo o trânsito intestinal.
O procedimento, quando feito de forma programada e com o paciente em boas condições de saúde, tem baixos riscos. Na literatura médica, são apontados como eventuais problemas fístulas (abertura da emenda) ou de obstruções (fechamento da área da emenda).