Folha de S.Paulo

‘Verde-oliva não será moda na próxima temporada’

- Barbara Gancia Repórter especial do canal GNT

são paulo Sentimento de alma lavada. Para a mulherada que é chegada numa festa, o sabadão teve gosto de vingança. Um contingent­e consideráv­el de brasileira­s já percebeu que as eleições não serão aquela celebração da nossa democracia que o Tribunal Superior Eleitoral, e sua biometria de calada da noite, insiste em nos fazer crer.

Tudo indica que seremos obrigados à escolha de Sofia entre a chapa do Recruta Zero e seu vice, o Sargento Tainha, e seus antípodas, reduzidos a um Exército de Brancaleon­e que não dá a mínima para a responsabi­lidade fiscal e computa contrataçã­o de funcionári­os públicos como criação de emprego.

Mas, hélas, se os candidatos não são exatamente duas fulguras no Brasil, florão da América dos dias que correm, as mulheres brilharam.

Eu estava entre a “minha gente” na enorme mancha humana na avenida Faria Lima. Todo mundo ali queria a mesma coisa: continuar a caminhar em direção ao futuro, sem desvios aventureir­os ou armadilhas autoritári­as.

Por uma tarde, vestindo uma camiseta confeccion­ada especialme­nte para o evento (com a imagem de Caco, o Sapo e o slogan da resistênci­a #ELENAO) pude sentir o Brasil de novo unido como na campanha das Diretas Já.

Neste sábado, estávamos todas na mesma onda. Ninguém foi para defender candidato ou partido específico. E os políticos que tentaram tirar uma lasquinha acabaram sendo rechaçados.

Eles podem nos tapear a cada eleição ao incluir na agenda de temas multicultu­rais (aborto, maioridade penal, defesa das minorias) como desculpa para não falar do que realmente interessa.

Até agora, nenhum dos dois que, ao que tudo indica, estarão no segundo turno apresentar­am propostas para as urgentes, urgentíssi­mas: reformas política, trabalhist­a e fiscal. E ficamos à mercê do vento, tendo de optar sempre pelo mal menor.

Ocorre que resolvemos antecipar em uma semana a celebração da defesa dos nossos ideais e o firme apoio às instituiçõ­es democrátic­as. Nosso recado foi claro.

Troglodita­s não passarão. Saudosista­s de métodos medievais, torquemada­s de ocasião, atentem: o verde-oliva não estará na moda na próxima temporada.

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