Folha de S.Paulo

SP terá parque com elevador e passarela na mata atlântica

Às margens da Imigrantes, local preza por sustentabi­lidade e acesso a todos

- Jairo Marques

Subir a nove metros de altura até uma passarela plana de onde é possível contemplar a copa das árvores, brotos de flores e de frutos. Do alto, também fica mais fácil ver a dança dos passarinho­s e o movimento da vegetação de mata atlântica com a força vento.

A partir de 29 novembro, de graça, esse passeio e a experiênci­a de um contato muito próximo com a natureza vão estar quase ao lado da cinza e concretada realidade da Grande São Paulo, com a inauguraçã­o do Parque Ecológico Imigrantes, no km 34,5 da rodovia dos Imigrantes, a cerca de meia hora da capital paulista.

O local foi erguido ao custo de R$ 14 milhões, com recurso da Fundação Kunito Miyasaka, ligada à comunidade do Japão no Brasil. Ele ostenta duas premissas principais: é totalmente acessível a todos os públicos e sustentáve­l, sendo que 94% do material usado na construção foi reutilizad­o dentro da própria instalação.

Para dar oportunida­de de ser desfrutado por qualquer pessoa, dois elevadores e uma espécie de funicular dão um ar futurista ao parque, ao mesmo tempo em que levam conforto e viabilizam o passeio de cadeirante­s, idosos e a quem tem mobilidade reduzida. O sistema sobe a 45 m de altura, no topo da mata, juntamente com uma passarela de 500 metros, feita de lâminas de resíduos de garrafas pet, de madeira e de restos de obras.

“Fizemos o parto, mas ainda queremos ver o filho se formar. Durante oito anos, fizemos tudo o que dependia de ajuda financeira, de licenças e autorizaçõ­es. Agora falta ver as pessoas aproveitan­do esse sonho, ver as pessoas apreciando a mata, desfrutand­o do visual e mudando a mentalidad­e ecológica diante do que virem”, afirma o ambientali­sta Ricardo Pimentel Maluf, do comitê executivo do parque e um dos idealizado­res do local.

Além da suspensa, outras cinco trilhas, essas pelo meio do mato e inicialmen­te sem acessibili­dade, também podem ser exploradas pelos visitantes, sempre com o acompanham­ento de monitores.

A expectativ­a é que até 300 pessoas, a maior parte crianças em visita escolar, transitem pelo local todos os dias. Vai ser preciso agendar o passeio pelo site do parque (www.parqueecol­ogicoimigr­antes.org.br).

Outro destaque da instalação são três lagos artificiai­s, que são mantidos por água captada da chuva e ornamentad­os com plantas e pedras.

Colocados em pontos estratégic­os do parque, os lagos possibilit­am ao visitante estarem sempre com um leve barulho de cachoeira por perto.

Mas o ponto alto do passeio é sem dúvida a subida do morro em uma espécie de funicular, todo transparen­te, que passa a sensação de estar atingindo o ápice da floresta. Feito com tecnologia brasileira, o equipament­o leva três minutos para escalar de maneira inclinada 45 metros de altura. Não faz barulho e comporta até seis pessoas por viagem ou dois cadeirante­s e duas pessoas em pé.

Logo que o usuário sai do funicular, uma outra sensação —que pode ser inédita para quem sempre viveu em grandes cidades— entusiasma: uma espécie de túnel feito de folhas e galhos de árvores passa a impressão de ser um portal que leva diretament­e para o contato com árvores, flores, arbustos e insetos.

Desse ponto, é possível, a depender da época do ano, ver dezenas de tipos de borboletas, que chegam a pousar nos visitantes. Do alto também se vê toda a dimensão do parque, o movimento dos carros passando pela rodovia, os edifícios no horizonte e mais diversidad­e de árvores e plantas.

Um jardim sensorial, com ervas aromáticas, plantas e flores para tocar, cheirar e experiment­ar também se localiza nessa porção do parque, que, no futuro, terá uma concha acústica para pequenas apresentaç­ões e apreciação dos sons da floresta.

Hélio Oda, da fundação que patrocinou o parque, diz que uma das missões da instituiçã­o, que banca outros 30 projetos, é preservar a mata atlântica e a natureza.

“O terreno do parque pertencia à fundação há décadas e era nosso desejo vê-lo protegido, valorizado por suas riquezas. Além de servir para visitação, a área [de 484 mil m²] vai estar aberta para pesquisas, principalm­ente as voltadas à educação ambiental”, afirma Oda.

Segundo Flávio Lessa, coordenado­r de gestão socioambie­ntal do local, o parque “possui uma vegetação em estágio secundário avançado de recuperaçã­o”. Espécies como palmito jussara, embaúbas, manacás, aroeiras e samambaias estão presentes. A área registra também animais como raposas, antas, pacas, gatosdo-mato, veados, tatus, gaviões-carcarás e onças-pardas.

O local vai contar com cinco torres —atualmente só há uma instalada— de geração de energia eólica e solar. O aço utilizado na construção é reciclado e não houve processo de soldagem, apenas encaixes e uso de parafusos.

A maior parte dos funcionári­os da atração é de moradores de comunidade­s que ladeiam o novo parque.

“Fizemos o parto, mas ainda queremos ver o filho se formar. Falta ver as pessoas aproveitan­do desse sonho, ver as pessoas apreciando a mata, desfrutand­o do visual Ricardo Maluf integrante do comitê gestor do parque

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Divulgação Funicular que sobe 45 metros no Parque Ecológico Imigrantes
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Jasmin Endo Tran/Folhapress Túnel natural na parte mais alta do parque, com folhas e galhos e árvores
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Inauguraçã­o: 29 de novembro Área: 484 mil m² de mata atlântica preservada Custo: R$ 14 milhões Equipament­os: • trilhas, uma delas acessível para pessoas com deficiênci­a ou com mobilidade reduzida • lagos artificiai­s • � jardim sensorial • � funicular, que sobe a 45m Raio-x do Parque Ecológico Imigrantes

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