Brasil busca tetra no Mundial de vôlei após vencer desconfiança
Seleção chegou desacreditada ao torneio e protagonizou polêmicas, mas disputa sua quinta decisão consecutiva
A seleção brasileira masculina de vôlei pode não viver mais a hegemonia da época em que era comandada por Bernardinho (20012016), mas continua na elite da modalidade, mesmo sob desconfiança. Foi assim nos Jogos do Rio, em 2016 e, novamente, no Mundial de vôlei da Bulgária e da Itália deste ano.
O Brasil disputa neste domingo (30), às 16h15, sua quinta decisão consecutiva em Mundiais, contra a Polônia, em Turim, na Itália.
Brasileiros e poloneses já se enfrentaram em duas finais de Mundiais. Em 2006, o Brasil levou a melhor, mas os europeus deram o troco em 2014.
A fase da equipe comandada por Renan Dal Zotto não era das melhores no início do torneio. O desempenho aquém do esperado na Liga das Nações deste ano, na qual o Brasil ficou apenas na quarta colocação, e as lesões de Maurício Borges e de Lucarelli afetaram a expectativa do Brasil.
Após o segundo jogo da seleção no campeonato, uma vitória contra a França, os jogadores Mauricio Souza e Wallace foram fotografados fazendo sinais de 1 e 7 com as mãos, respectivamente.
O gesto foi interpretado por parte do público como uma mensagem de apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL).
Depois do episódio, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) proibiu os jogadores da seleção de se manifestarem politicamente.
No jogo seguinte, o Brasil viu sua invencibilidade de 52 anos contra a Holanda em Mundiais acabar. No entanto, essa foi a única derrota que a equipe sofreu até alcançar a final.
Ainda houve mais um fato controverso, durante o jogo contra a Rússia válido pela primeira rodada da terceira fase, em que Dal Zotto lançou uma bola para a quadra quando um ponto ainda estava em andamento e recebeu suspensão de um jogo. O time, porém, já estava embalado e não sentiu a ausência.
O Brasil conquistou seus três títulos Mundiais de forma consecutiva, em 2002, 2006 e 2010, todos sob comando de Bernardinho. Antes deste ano, disputou outras duas finais, em 1982 (derrota para a União Soviética) e 2014 (título da Polônia).
Caso vença a final, o Brasil ultrapassará a Itália e será o segundo maior vencedor isolado de Mundiais. A Rússia é a recordista, com seis títulos.
Somando apenas Olimpíadas e Mundiais, os dois torneios mais relevantes da modalidade, o vôlei masculino brasileiro chega a nove decisões consecutivas.
A seleção esteve nas últimas quatro finais olímpicas, com dois ouros (Atenas-2004 e Rio-2016) e duas pratas (Pequim-2008 e Londres-2012).
“Falam há muito tempo que o Brasil não é mais Brasil, mas esquecem que somos o único time de esportes coletivos a ter chegado a cinco finais de Mundial e quatro de Olimpíada consecutivas”, disse Lipe Fonteles ao UOL.
A vaga na final veio após vitória contra a Sérvia, por 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 25/21 e 25/22). A formação principal teve Bruno Rezende, Maurício Souza, Lucão, Douglas, Lipe Fonteles e Thales.
“Talvez a chegada nesse Mundial tenha sido a menos esperançosa. Fizemos nossa melhor partida, e esse grupo tem mostrado desde a Olimpíada que quando chega na decisão tem a cabeça muito focada”, afirmou Lucão.