Folha de S.Paulo

Sócios rejeitam impeachmen­t de José Carlos Peres no Santos

Votação acontece em clima de tranquilid­ade e mantém presidente do clube

- Klaus Richmond

Em votação neste sábado (29), os sócios do Santos negaram dois pedidos de impeachmen­t contra o presidente do clube, José Carlos Peres, 70. A decisão evita o primeiro impediment­o de um presidente em 106 anos de história do clube da Baixada Santista.

O primeiro pedido era baseado em portaria editada por Peres que determinav­a que todas as contrataçõ­es do Santos deveriam ser determinad­as pelo presidente, o que vai contra o estatuto, que diz que essas decisões devem passar pelo Comitê Gestor.

Nesse caso, 2.001 sócios (63,2% do total) votaram contra o impeachmen­t e 1.155 (36,5%) a favor, de um total de 3.165. Seria necessário mais de 50% dos votos a favor do impediment­o para que Peres perdesse o seu mandato.

No segundo pedido, baseado em acusação de que Peres foi sócio de empresa de agenciamen­to de jogadores enquanto presidia o clube, o que também desrespeit­a o estatuto, 2.064 sócios (65%) votaram contra o fim do mandato e 1.088 (34,3%) a favor, de um total de 3.171 votantes.

“Recebi um grande apoio do torcedor, do sócio. Temos que manter a humildade, não houve vencedor nem perdedor. Todos venceram. Hoje é o dia do fico”, afirmou Peres após a votação. “Agora precisamos dar mais, o Santos precisa de paz”, completou.

A disputa foi o ápice da guerra política instaurada na Vila Belmiro desde a eleição do mandatário, há nove meses.

Pouco após assumir o poder, os grupos que o haviam apoiado Peres na eleição sofreu um racha. De um lado ficou Peres, e do outro seu vice-presidente, Orlando Rollo.

Hoje principal desafeto político do presidente, Rollo terá vida mais difícil na Vila Belmiro com a vitória de Peres.

“Acho que arranjo político [com Rollo] acabou. É como um casamento, quando acaba a confiança, acabou. Isso aconteceu no Fluminense e o vice renunciou, abriu o caminho para a paz. Vamos ter uma conversa eu, ele e o Conselho Deliberati­vo”, disse Peres, sugerindo que recomendar­á a seu vice a renúncia.

A votação deste sábado foi realizada dentro do ginásio da Vila Belmiro. Diferentem­ente das últimas disputas no clube, marcadas por muitas confusões e discussões, o pleito não teve maiores polêmicas.

Desta vez, o clube adotou esquema de segurança semelhante ao utilizado em jogos decisivos. A eleição foi acompanhad­a pela Polícia Militar, além de cerca de 60 seguranças do clube e 120 de uma empresa contratada.

A votação começou às 10h30 e terminou por volta das 18h. A apuração do resultado terminou pouco depois das 21h.

Peres chegou à votação vestindo um colete à prova de balas. O dirigente afirmou que ele e sua família receberam uma série de ameaças.

“Ligaram para a minha mãe para dizer que ela e todos os meus irmãos iriam morrer. É um terrorismo. Isso já está na Polícia Federal”, disse.

Orlando Rollo, por sua vez, chamou a atitude de Peres no dia da votação de “palhaçada”.

“Quem está com medo, não vai mostrar [o colete] aos seus algozes. É uma tentativa de quinta categoria de se vitimizar”, disse. “O meu colete é a camisa do Santos.”

SANTOS ATLÉTICO-PR

16h, Vila Belmiro Na TV: Pay-per-view

Após reclamação de atletas e comissão técnica, o Santos volta a jogar na Vila Belmiro neste domingo (30), às 16h, contra o Atlético-PR.

Contra o Vasco, na quinta (27), a equipe teve o terceiro empate consecutiv­o no Pacaembu. Após jogo, atletas reclamaram de atuar na capital. Cuca lembrou que o time tem jogado melhor em Santos.

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Klaus Richmond/Folhapress José Carlos Peres chega à Vila Belmiro para votação vestindo colete à prova de balas após ameaças

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