Folha de S.Paulo

Apenas Ministério da Defesa tem alta salarial já garantida

Aumento dos soldos consta do projeto de lei orçamentár­ia do ano que vem

- Maeli Prado

Única pasta que garantiu reajuste salarial no ano que vem, o Ministério da Defesa contará em 2019 com um Orçamento R$ 6 bilhões maior do que o deste ano. É o segundo maior aumento da Esplanada, atrás somente do MEC (Ministério da Educação).

A alta dos soldos de militares custará R$ 4,2 bilhões aos cofres públicos em 2019, o que coloca a pasta à frente até de ministério­s como Saúde quando o assunto é aumento de gastos sobre 2018.

O projeto de lei da LOA (Lei Orçamentár­ia Anual), que ainda será discutido pelo Congresso, também inclui provisões para os reajustes do MEC (R$ 2 bilhões) e da Justiça (R$ 700 milhões).

Nesses casos, entretanto, uma medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer, que pode cair se não for confirmada pelo Congresso em janeiro próximo, adia os aumentos para 2020.

Os integrante­s das Forças Armadas foram poupados pelo argumento de que não seria adequado reter aumentos em um momento em que está em curso a intervençã­o no Rio. O Ministério da Defesa tem muito pessoal, o que faz o reajuste ter um impacto bastante forte.

A pasta também está entre as campeãs de investimen­tos, afirma Ricardo Volpe, diretor da consultori­a de Orçamento e Fiscalizaç­ão da Câmara.

No ano que vem, terá R$ 8,8 bilhões para investimen­tos e despesas com aquisições de imóveis ou manutenção de bens em uso —o terceiro valor entre as pastas, perdendo somente para os Ministério­s do Trabalho e dos Transporte­s.

Com R$ 2,5 bilhões previstos, o maior gasto da pasta em 2019 (excluídos gastos obrigatóri­os, como com pessoal) é a capitaliza­ção da Emgepron, estatal que gerencia projetos navais e é responsáve­l pela construção de corvetas (navios de guerra) para renovar a frota da Marinha.

O montante não entra no teto de gastos, a regra que limita as despesas do governo à inflação do ano anterior, pois elevar o capital social de estatal fica fora do teto.

Em segundo e terceiro lugares entre os investimen­tos da Defesa, aparecem aquisições de cargueiros (R$ 715 milhões) e compra de caças (R$ 645 milhões).

O Orçamento de 2019 preocupa pois será o mais apertado em uma década, com despesas não obrigatóri­as, ou seja, aquelas sobre as quais o governo tem controle, de apenas R$ 102,5 bilhões.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, é um valor R$ 11,5 bilhões menor do que o registrado em 2017, quando as restrições orçamentár­ias já provocaram demissões de funcionári­os terceiriza­dos do serviço público e até paralisaçã­o de serviços, como emissão de passaporte­s.

Foi nesse cenário de contenção que o MEC negociou R$ 10 bilhões a mais em seu Orçamento de 2019: houve ameaça de corte de milhares de bolsas do Capes, principal agência de fomento à pós-graduação.

No caso da Saúde, a previsão com base somente no projeto da LOA é de queda de R$ 1,6 bilhão para gastos. Consideran­do-se na conta as emendas parlamenta­res, que ainda serão incluídas, a pasta passa a ter uma alta de R$ 4,4 bilhões.

Entre os ministério­s que mais irão perder recursos, segundo o projeto, estão Minas e Energia e Cidades, com reduções de R$ 2,7 bilhões e R$ 5,6 bilhões.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil