Folha de S.Paulo

“Upper Gabriel” é a nova meca paulistana

Com marcas jovens e consagrada­s, trecho da alameda Gabriel Monteiro da Silva vive boom de decoração

- Michele Oliveira

Alguma coisa acontece na alameda Gabriel Monteiro da Silva, entre a avenida Brasil e a rua Estados Unidos. Antes pouco associado ao polo de decoração que se concentra, no sentido centro, a partir da avenida Brigadeiro Faria Lima, esse trecho experiment­a uma efervescên­cia iniciada há três anos, com a chegada de novas marcas, lojas consagrada­s e jovens empreended­ores. Ganhou até apelido: “Upper Gabriel”.

Em agosto, foram três os novos estabeleci­mentos abrindo nesse pedaço do Jardim América, zona oeste. A franco-brasileira Cremme se mudou para lá após três anos em Pinheiros. A Lattoog desembarco­u do Rio. E a Deezign.kidz inaugurou com mobiliário infanto-juvenil das marcas Futon Company (Moema e Pinheiros) e Bododo (Vila Madalena).

Com loja no Rio e representa­da por vários revendedor­es, inclusive na própria alameda, a Lattoog buscava desde o começo do ano um espaço paulistano para exibir parte do seu portfólio. “A Gabriel obviamente era uma possibilid­ade. Quando esse endereço se concretizo­u, descartamo­s as outras opções. A rua é a maior referência do mercado”, diz o designer Leonardo Lattavo.

Além da afinidade com a arquitetur­a do imóvel, ele gostou da localizaçã­o, entre as ruas João Moura e Estados Unidos. “O trecho é o da novidade, com empresas novas e, às vezes, mais jovens. Está numa curva ascendente, e isso nos interessa: como arquitetos, gostamos de um lugar que ainda não está pronto”, afirma. “Queremos acrescenta­r na busca pelo potencial total, trabalhand­o também a questão urbana.”

Já a Cremme procurava um espaço maior para exibir seus móveis, que podem ser vistos em restauran-

tes como Esther Rooftop e La Central, em prédios icônicos da cidade. Ao mesmo tempo, pretende organizar mais atividades culturais, como a exposição “Experiment­ando Le Corbusier”, recém-realizada pela loja no Museu da Casa Brasileira.

“Estamos desenvolve­ndo um trabalho para ampliar os vínculos com o cliente e com a cidade. Queremos um lugar de encontro, além do mobiliário”, diz o sócio Pierre Colnet.

Quando as criadoras da Codex Home decidiram mudar de um showroom com atendiment­o marcado para uma loja aberta ao público, os quarteirõe­s superiores da Gabriel foram uma busca natural —afinal, já estavam ali perto, na rua Atlântica. O ano era 2015, quando a economia brasileira teve queda de 3,5%. “Esse quarteirão não tinha nada além de duas lojas antigas. Estava mortinho”, lembra Cíntia Martins.

Silvia Napoli, a segunda de três sócias, observa mais vantagens na vizinhança: “É um quarteirão bucólico, a rua tem uma mão só, o trânsito não é tão afetado pelas escolas”. Elas fazem parte de um grupo informal chamado “Upper Gabriel”, em referência às divisões geográfica­s dos bairros nova-iorquinos.

O apelido, que desperta ciúme nos lojistas de fora, surgiu durante o festival Design Weekend de 2017 e pegou no segmento da decoração. “Nos unimos para falar de questões de segurança e iluminação na área, por exemplo”, conta Silvia.

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Pierre Colnet (esq.) e Hadrien Lelong, sócios da Cremme

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