Folha de S.Paulo

Bolsonaro é risco maior que Haddad, diz agência S&P

- Flavia Lima

A eleição de um outsider como Jair Bolsonaro (PSL) eleva o risco de falta de coerência ou de atrasos na proposição de medidas de ajuste econômico necessária­s no Brasil, segundo a agência de classifica­ção de risco S&P Global.

“O candidato do PT não é um outsider, mas Bolsonaro é, o que aumenta o risco de incoerênci­a ou de atrasos em ter as coisas feitas depois das eleições”, disse nesta segunda-feira (1º) Joydeep Mukherji, analista de ratings soberanos da S&P Global para a América Latina, durante seminário online sobre a região, realizado trimestral­mente.

A leitura da S&P é que as taxas de rejeição dos dois candidatos que lideram as pesquisas —Bolsonaro e Fernando Haddad (PT)— são altas por razões diferentes e ainda é difícil saber quem irá vencer.

Segundo Mukherji, o país tem imensos problemas fiscais e sociais e a economia está crescendo muito lentamente.

Para ele, há muito a ser feito pelo novo presidente —com destaque para a reforma da Previdênci­a— e o resultado pode afetar diretament­e a nota de crédito do país.

“Essa é a nossa preocupaçã­o: o quão rapidament­e e efetivamen­te o novo líder vai lidar com essas questões”, disse.

Hoje, a classifica­ção de risco é BB-, três níveis abaixo do grau de investimen­to, o selo conferido a bons pagadores. A perspectiv­a é estável.

A S&P espera cresciment­o de 1,4% para o Brasil neste ano. Para 2019, a previsão é de expansão de 2,2%.

Elijah Oliveros-Rosen, economista sênior para a região, elencou os principais fatores de risco para a América Latina: alta dos juros americanos e a valorizaçã­o do dólar —que pioraram as condições financeira­s na região nos últimos meses.

Ainda assim, a S&P disse que as condições macroeconô­micas permanecem fortes, com o cresciment­o econômico dos EUA ajudando a economia chinesa, o que, por sua vez, manteria os preços das commoditie­s em alta —favorecend­o os emergentes.

A guerra comercial entre China e EUA, porém, será o próximo foco de atenção na agenda global.

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