Folha de S.Paulo

Filho de Jango diz que país tem remendo de democracia

- Géssica Brandino

são paulo O candidato à Presidênci­a João Vicente Goulart, 61, filho do presidente deposto por militares em 1964, usou sua primeira campanha eleitoral para levar propostas de reformas de base pelo país, ou pelo menos para parte dele.

Filiado ao PPL (Partido Pátria Livre) e com poucos recursos, ele não viajou ao norte do país e pretende encerrar a campanha em São Borja, no Rio Grande do Sul, em homenagem a Jango, Getúlio Vargas e Leonel Brizola.

Sem alcançar 1% das intenções de voto, ele se queixa de um sistema eleitoral “antidemocr­ático”, que não oferece as mesmas condições a todos os candidatos na disputa.

Como que está a reta final da

campanha? Estamos caminhando com essas normas antidemocr­áticas que não ajudam os partidos que estão em construção, mas estamos conseguind­o levar a nossa mensagem. Nós temos uma história, nós talvez não tenhamos uma malinha de R$ 500 mil correndo pelas ruas de São Paulo, mas nós temos uma proposta clara de resgate do nosso nacionalis­mo.

Qual seria o modelo ideal de financiame­nto para as campanhas? A democracia como conceito unívoco pressupõe uma paridade de igualdade nessa disputa. É evidente que nós não tivemos isso nessas eleições. O Brasil vive uma legislação eleitoral que privilegia os grandes partidos. Nós temos que lutar para mudar esse conceito. Nós participam­os hoje aqui de um remedo de democracia. O senhor defende uma mudança no sistema de voto? Nós defendemos uma reforma política profunda no país. Eu particular­mente, e isso é uma opinião pessoal, defendo o voto em lista. Eu acho que o voto em lista dá mais mais transparên­cia aos partidos ,e não às pessoas.

No campo das reformas, estão em pauta a da Previdênci­a e tributária. O senhor defende essas reformas? Nenhuma reforma que seja feita contra o povo brasileiro, contra os trabalhado­res, é de nossa defesa. Essa reforma trabalhist­a e essa reforma proposta para modificar a Previdênci­a nós somos contra.

Nós somos favoráveis, sim, a uma reforma ampla, as reformas de base. A agrária, tributária, educaciona­l, a lei de remessa de lucros, a defesa de nossas empresas estatais e de nosso patrimônio público fazem parte de nosso conceito. As pesquisas indicam um segundo turno entre Bolsonaro e o PT. Como vê esse cenário? Acho que todos nós que acreditamo­s na democracia temos que aprender a conviver com o pensamento contrário e o que nós estamos presencian­do no Brasil não é esse pensamento democrátic­o, mas sim um discurso de ódio pregado por uma campanha estrategic­amente colocada entre o branco e o preto. Devemos ter o Brasil como a primeira figura e não a disputa entre o PT e a extrema direita.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil