Folha de S.Paulo

Mais caro, veículo elétrico desafia lucro de montadoras

Produtos, porém, já estão prontos para chegar em massa ao mercado

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Carros elétricos estão prontos para chegar em massa aos salões do automóvel europeus após anos de lançamento­s conceituai­s e bilhões investidos por parte das montadoras e dos fornecedor­es.

Agora vem a parte difícil: vendê-los com lucro.

Os modelos movidos a bateria lançados no salão do automóvel de Paris, como o DS3 (PSA Group) e o Crossback (Mercedes), vão corroer a lucrativid­ade, reconhecem os executivos do setor.

Há ainda preocupaçõ­es de que o impacto seja pior, uma vez que os consumidor­es resistem a pagar mais por veículos elétricos. Isso força as montadoras a vender esses modelos com margens de lucro menores para atingir as metas de emissões de poluentes.

“O que todo mundo precisa perceber é que a mobilidade limpa é como comida orgânica, é mais cara”, disse Carlos Tavares, presidente-executivo da Peugeot, Citroen e da Opel, fabricante da PSA.

No fim de setembro, a BMW divulgou redução no lucro, responsabi­lizado em parte o custo com modelos elétricos.

A introdução do novo padrão mundial de emissão de poluentes fez com que algumas montadoras retivessem a venda de modelos que não estão em conformida­de, levando-as a dar descontos em outros modelos para manter sua participaç­ão de mercado.

“Ou aceitamos pagar mais por uma mobilidade limpa, ou colocamos em risco a indústria automobilí­stica europeia”, disse Tavares.

Durante a feira que acontece nesta semana em Paris, a Renault apresentou o modelo K-ZE, que começará a ser vendido na China em 2019.

O brasileiro e presidente­executivo do Grupo Renault, Carlos Ghosn, anunciou a criação de opções híbridas de veículos populares até 2020.

Nos próximos anos, o grupo francês deve lançar versões elétricas e híbridas (eletricida­de e combustíve­l) dos modelos mais vendidos da marca, como Clio, Megane e Captur.

Nos últimos meses uma série de veículos elétricos foi lançada por marcas como Volkswagen, Mercedes-Benz, BMW, Volvo Cars e Jaguar Land Rover.

O lançamento mais recente da Mercedes, anunciado em Estocolmo, foi o EQC, seu primeiro carro totalmente elétrico. O utilitário esportivo (SUV) tem 450 quilômetro­s de autonomia.

A Daimler, fabricante da Mercedez, pretende ter dez modelos elétricos até 2022, segundo afirmou o presidente­executivo da montadora, Dieter Zetsche.

A expectativ­a da montadora é que os elétricos respondam por até 25% de suas vendas até 2025.

No fim de setembro, a Audi também anunciou o lançamento do utilitário esportivo elétrico UV Audi etron.

A montadora destacou um acordo com a Amazon para instalação de sistemas domésticos para recarga dos veículos. A Amazon entregará o hardware e contratará eletricist­as para instalar os sistemas por meio da operação Amazon Home Services.

“Eu quero que a Audi seja a vendedora número um de carros elétricos na América no longo prazo”, afirmou o presidente da Audi na América, Scott Keogh.

As marcas disputam o mercado atualmente dominado pela Tesla, fundada pelo polêmico Elon Musk.

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Regis Duvignau/Reuters O brasileiro Carlos Ghosn, do Grupo Renault

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