Champions é vitrine para brasileiros em nanicos
Em times menores da Europa, ‘novo Lukaku’ mira seleção de Tite e Rodrigo Galo quer seguir jogando no continente
Principal torneio de clubes do mundo, a Champions League é vista como uma vitrine por jogadores de equipes periféricas que querem ganhar a atenção dos grandes centros do futebol europeu.
É o caso do brasileiro Wesley Moraes, 21, atacante do Club Brugge (BEL) que nesta quarta-feira (3) enfrenta o Atlético de Madri, na Espanha.
Nascido em Juiz de Fora, o mineiro Wesley quase não jogou no Brasil. Se profissionalizou no Itabuna Esporte Clube, da segunda divisão da Bahia, e com três meses de clube foi para a Europa, aos 19 anos.
Sua porta de entrada no continente foi o Atlético de Madri, seu adversário na Champions. Mas a passagem pelo sub-20 da equipe não foi como ele desejava.
“Fiquei seis meses no Atlético, mas rolou uma briga entre o meu empresário e o clube e eu acabei indo para o futebol da Eslováquia”, diz o atacante à reportagem, motivado para enfrentar seu ex-time.
“É sim uma motivação a mais [enfrentá-los]. Espero na quarta-feira fazer um bom jogo e, quem sabe, marcar um gol”, afirma Wesley.
No FK Trencin, do futebol eslovaco, ele assinou o primeiro contrato profissional.
Após uma temporada no leste europeu, Wesley se transferiu para o Club Brugge, onde já conquistou duas vezes o Campeonato Belga (2016 e 2018).
Na última temporada, foi eleito o melhor jogador jovem da liga nacional, marcando 7 gols em 28 jogos, número que já está próximo de superar na atual edição do torneio.
Há duas rodadas, diante do Gent, marcou pela primeira vez na carreira três gols em um único jogo, em vitória do Club Brugge por 4 a 0.
Na última rodada, no clássico com o Cercle Brugge, fez mais um gol e deu assistência em triunfo pelo mesmo placar. Com os dois que fez na primeira rodada da liga, já são seis no campeonato.
Com 1,91 m de altura, Wesley ganhou comparações com o centroavante da seleção belga Romelu Lukaku, atualmente no Manchester United (ING).
“O Lukaku é um ídolo aqui na Bélgica. Fico bem feliz com a comparação. Espero dar continuidade ao meu trabalho para fazer meu nome também”, conta o atleta, que já teve sua naturalização cogitada.
Flamenguista, o atacante fala abertamente sobre o desejo de um dia defender o clube, mas seu objetivo mesmo é chegar a uma grande liga da Europa e ser convocado para a seleção brasileira.
“Ninguém da seleção me procurou, mas trabalho para isso acontecer. O fato de não ser conhecido no Brasil pode me atrapalhar um pouco, porque a imprensa tem uma visão diferente de quem ela já viu atuar. Mesmo assim, como estou na Champions, posso apa- recer agora e ter uma chance”, afirma Wesley, ciente do peso que um bom desempenho na competição pode ter.
Outro brasileiro que quer aproveitar os holofotes do torneio é o lateral direito do AEK (GRE) Rodrigo Galo, 32, que encara nesta terça-feira (2) o Benfica (POR).
Nascido em Rio Branco (AC) e revelado pelo Avaí em 2006, Rodrigo passou por clubes pequenos de Portugal e Grécia até chegar ao AEK, em 2015.
Ajudou a encerrar na última temporada uma sequência de 24 anos do clube sem o título do Campeonato Grego —a equipe não era campeã nacional desde 1994.
Adaptado ao país e ao continente europeu, Rodrigo Galo não pensa em voltar ao Brasil.
“Claro que se surgir algo bom [no Brasil], é questão de ver se vale a pena ou não, mas quero terminar minha carreira na Europa”, diz.
Lateral de origem, Rodrigo joga também como um atacante pela direita. Foi como atuou diante do Celtic (ESC) na terceira rodada das eliminatórias da Champions, quando fez um gol e contribuiu para a classificação do AEK.
Aos 32 anos, o jogador está satisfeito no futebol da Grécia, mas não descarta a possibilidade de o torneio lhe dar um último salto na carreira.
“No ano passado, com 31 anos, fiz 40 e poucos jogos entre liga grega, Liga Europa e Taça da Grécia. Tento sempre fazer o melhor, e se as equipes vão aparecer ou não, é outra questão”, completa.