Roubos, festas e leilões: mais de mil maneiras de perder o Prêmio Nobel
É mais fácil perder um Prêmio Nobel do que ganhá-lo.
Embora não possa ser retirado do premiado em nenhuma circunstância, às vezes desaparece em circunstâncias bizarras, trágicas ou espetaculares.
Quando os nazistas invadiram a Dinamarca, em abril de 1940, o Instituto Niels Bohr se preocupou com o destino das medalhas que os cientistas alemães Max von Laue e James Frank, ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 1914 e 1925, respectivamente, haviam guardado lá para evitar que fossem confiscadas.
Ao invés de enterrá-las, o químico húngaro George de Hevesy, que trabalhava no Instituto, dissolveu as duas medalhas de ouro 23 quilates com água régia, um dos poucos reagentes capazes de atacar o nobre metal. Armazenada em uma prateleira do seu laboratório, a solução passou despercebida.
Uma vez terminada a guerra, de Hevesy provocou a precipitação do ouro em 1950, o que permitiu de novo à Fundação Nobel entregar as medalhas aos dois laureados alemães em 1952.
O Prêmio Nobel da Paz (1926) do francês Aristide Briand foi vendido de forma póstuma pela quantia módica de 12.200 euros em 2008.
Seis anos depois, o bilionário russo Alisher Usmanov adquiriu por US$ 4,1 milhões, a medalha de James Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA.
Houve também desaparecimentos involuntários.
O Ecomuseu da cidade francesa de Saint-Nazaire não pôde desfrutar durante muito tempo da medalha de Aristide Briand que comprou por pouco dinheiro: foi roubada em 2015 e desde então não se soube nada dela.
Na Índia, ladrões se apoderaram, em 2017, da medalha do Prêmio Nobel da Paz Kailash Satyarthi em seu domicílio. Era uma cópia - a verdadeira estava exposta em um museu —e foi recuperada.
Em uma noite de dezembro de 1999, houve grande pânico na suíte do Grande Hotel, em Oslo. A recompensa recém-entregue a Médicos Sem Fronteiras (MSF) desapareceu.
Todas as buscas foram infrutíferas, e a polícia foi chamada.
Os agentes a recuperaram no dia seguinte com seu estojo. Acredita-se que alguns membros da delegação francesa de MSF a pegaram emprestada para impressionar as norueguesas nos bares.
“Podia-se ver as marcas de dentes de todos os que quiseram comprovar que a medalha era realmente de ouro puro”, escreveu Morten Rostrup, membro da delegação norueguesa, em um livro publicado em 2006.