Marin Alsop brilhará em seu ano final na Osesp
Após 8 anos, regente americana fecha seu ciclo com a ‘Quarta’ de Mahler, em março, e a grandiosa ‘Oitava’, em julho
A temporada 2019 da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), anunciada nesta segunda-feira (1º/10), será a última a ter a maestrina americana Marin Alsop como titular.
Após a reestruturação que conduziu a orquestra à atual liderança nacional e projeção internacional, foram três os regentes titulares: John Neschling (1997-2008), YanPascal Tortelier (2009-11) e Marin Alsop (2012-19).
Ao longo dos últimos oito anos, Alsop regeu aqui quase todas as sinfonias de Gustav Mahler (1860-1911). Agora, fechará o ciclo com a “Quarta” (março) e a grandiosa “Oitava” (julho). Também apresentará —ideia bastante interessante— a orquestração de Mahler para as quatro sinfonias de Schumann (abril/maio).
Ela irá, ademais, interagir com o barítono brasileiro Paulo Szot (artista em residência), com o chinês Huang Ruo (compositor visitante) e fará a “Nona” de Beethoven como parte do projeto internacional “All Together: a Global Ode to Joy” (Todos juntos: uma Ode Global à Alegria), iniciativa do Carnegie Hall, de Nova York.
Ao que se sabe, o anúncio oficial de quem sucederá Alsop deve ficar para o ano que vem, e o fato de ser uma escolha interna —descolada, portanto, de interferências das esferas governamentais— deno- ta maturidade institucional.
Se considerarmos unicamente o desenho da temporada 2019, é possível dizer que o maestro costa-riquenho Giancarlo Guerrero larga na frente: é um colaborador muito frequente, e a ele estão destinados dois programas importantes, incluindo a estreia do concerto para cello de Marlos Nobre com solo de Antonio Meneses.
Há tempos, aliás, a Osesp não promovia encomendas tão variadas: além do concerto de Nobre (que completa 80 anos em 2019), serão realizadas premières de obras de Felipe Lara, Flo Menezes, Januibe Tejera e Arrigo Barnabé.
Também regentes frequentes, Isaac Karabtchevsky e Neil Thomson comandarão séries de concertos gratuitos (como a Semana Camargo Guarnieri), e Nathalie Stutzmann fará a “Paixão Segundo São Mateus”, de Bach (abril).
A temporada mantém o nível dos anos anteriores, e a criatividade dos repertórios se manifesta tanto na variedade (imagine uma noite com “Blunine”, de Mahler, “Concerto para piano”, de Schoenberg ,“Rhapsody in Blue”, de Gershwin e “Sinfonia n.5” de Mendelssohn), como na escolha de uma obra única para preencher o programa (“Des Canyons aux Étoiles”, de Messiaen).
Cabe também destacar as homenagens ao centenário de nascimento do compositor amazonense Claudio Santoro (1919-89).