Folha de S.Paulo

Dúvida sobre privatizaç­ões é natural, diz Guedes

- Talita Fernandes

O economista Paulo Guedes, anunciado ministro de eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que é natural que haja dúvida em relação à agenda das privatizaç­ões.

“É natural que haja dúvidas quanto à extensão dessa reforma, até que ponto ela vai e até que ponto ela vem”, disse ele nesta sexta-feira (12) ao ser questionad­o sobre a proposta do candidato do PSL para a privatizaç­ão da Eletrobras.

“Eu defendo que ela seja agudizada, que ela seja mais forte porque eu acho que esses recursos são necessário­s nas áreas sociais”, afirmou o economista.

“O interessan­te é que ele [Bolsonaro] sabe o que eu acho e eu sei o que ele acha sobre isso e nós estamos conversand­o”, disse.

Guedes disse não ter tratado detalhadam­ente com o presidenci­ável a possibilid­ade de privatizaç­ão das geradoras de energia, mas apenas das distribuid­oras.

“Na distribuiç­ão certamente [haverá privatizaç­ão], transmissã­o é muito mais difícil. Na geração há casos que sim, há casos que não”, disse, sem dar detalhes.

A visão do economista diverge da de Bolsonaro, que nesta semana afirmou que é possível conversar sobre privatizaç­ão do setor de distribuiç­ão de eletricida­de, mas não dos de geração.

A declaração do candidato foi feita em entrevista à TV Band e provocou queda nas ações da Eletrobras nesta semana.

Desde a arrancada de Bolsonaro nas pesquisas e sua consolidaç­ão em primeiro lugar no primeiro turno, com larga vantagem sobre Fernando Haddad (PT), as estatais vinham com forte valorizaçã­o na Bolsa.

Nesta sexta, Guedes defendeu a reforma do estado com a privatizaç­ão de estatais para aumentar orçamento destinado para áreas sociais.

Ao deixar uma reunião com dirigentes do PSL, no Rio de Janeiro, o economista disse ainda que a proposta de criação de 13º salário para beneficiár­ios do Bolsa Família terá impacto inferior a R$ 3 bilhões.

Depois de declaraçõe­s controvers­as do vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão, sobre o 13º salário, Bolsonaro anunciou na terçafeira (9) que criará o benefício para aqueles que integram o programa de distribuiç­ão de renda.

Guedes não detalhou de onde virão os recursos, mas afirmou que isso terá pouco impacto no Orçamento da União.

A Folha revelou ainda na edição de quarta-feira (10) que a equipe de Bolsonaro trabalha na repaginaçã­o do programa Bolsa Família, uma marca da gestão petista.

A ideia é criar um “super Bolsa Família” e ainda universali­zar a oferta de vagas em creches de todo o país. Para isso, seriam usados recursos provenient­es do fim do abono salarial e de incentivos fiscais concedidos para empresário­s.

R$3bi

serão necessário­s para pagar uma 13ª parcela de Bolsa Família

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