Trump ameaça fechar fronteira com o México
Trump pede ao México que aja para barrar fluxo de pessoas vindas de países da América Central
O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou nesta quinta (18) fechar a fronteira do país com o México caso o vizinho não contenha o fluxo de imigrantes da Guatemala, de Honduras e de El Salvador que têm chegado aos Estados Unidos.
“Eu devo, no mais forte dos termos, pedir ao México para conter essa ofensiva —e, se não for capaz de fazê-lo, vou acionar as Forças Armadas para fechar nossa fronteira ao sul!”, escreveu, afirmando que há “muitos criminosos” entre os estrangeiros.
Uma nova caravana de imigrantes saiu nesta semana de Honduras em direção à Guatemala e depois ao México com o objetivo de entrar nos EUA para escapar da pobreza e da violência na América Central.
Trump também sugeriu que a questão migratória poderia prejudicar o acordo comercial anunciado com o México e Canadá, o USMCA, que substituirá o Nafta. Disse que “o ataque contra o nosso país na fronteira ao sul”, com a entrada de “elementos criminosos e de drogas”, é “muito mais importante para mim, como presidente”, do que o acordo.
O USMCA, acordado após meses de negociações e ameaças, ainda precisa ser assinado pelos três países. A previsão é de que o Congresso o aprove apenas no próximo ano.
As declarações de Trump foram publicadas no dia em que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, viajou para o Panamá e para o México para discutir questões regionais, como a “defesa da democracia” na Venezuela e na Nicarágua, segundo o Departamento de Estado.
Um encontro dele com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, está marcado para esta sexta (19). Na quinta, Pompeo se reuniu com o mandatário panamenho, Juan Carlos Varela.
As declarações sucedem a ameaça feita por Trump na terça (16) de que cortaria a assistência a Guatemala, Honduras e El Salvador caso seus governos “permitam que seus cidadãos, ou outros, cruzem suas fronteiras a caminho dos Estados Unidos.”
A fúria de Trump tem motivo: o número de famílias que entraram ilegalmente no país americano nos três meses após o fim da política de tolerância zero, que separou cerca de 3.000 menores de seus pais entre abril e junho, bateu recorde, como revelou reportagem do The Washington Post publicada na quarta (17).
Segundo o Departamento de Segurança Doméstica, 16.658 pessoas foram detidas em setembro, maior total mensal já registrado. Em comparação com julho, houve uma alta de 80%.
Segundo a American Civil Liberties Union, organização que luta pelos direitos e liberdades garantidos na Constituição, 245 crianças continuam separadas dos pais quase quatro meses após um juiz federal determinar a reunificação das famílias. entraram na Justiça para evitar serem enviados de volta a seus países de origem. Os dados são do escritório executivo de revisão de imigração e foram compilados pela agência Reuters.
É um aumento de 181% em relação ao mesmo período de 2017, quando foram dispensados 3.046 processos. Também é o maior patamar de casos dispensados na história.
A base legal para a apelação foi uma decisão tomada em junho pela mesma Suprema Corte e envolveu o mineiro Wescley Pereira, 38.
Os juízes decidiram que o governo americano não poderia enviar notificações para imigrantes comparecerem a audiência de deportação sem marcar dia e local, como aconteceu com o brasileiro.
Depois de dez anos contínuos no país, o imigrante pode pedir o cancelamento de sua remoção, mediante cumprimento de outras condições como pagamento de impostos, e requisitar a cidadania americana. Mas quando a notificação para comparecer à audiência é emitida, a contagem do tempo é congelada.
No caso de Pereira, ele estava havia seis anos nos EUA quando a notificação foi emitida sem data nem local fixados —as informações só foram enviadas quase 18 meses depois, e o caso só chegou à Justiça em março de 2013.
Amparados pela vitória de Wescley, advogados de imigração começaram a entrar com apelações nos processos envolvendo seus clientes.
A situação era parecida: os imigrantes recebiam notificações sem data e horário. A Justiça, então, passou a dispensar casos com as mesmas características dos de Wescley.
Mas a onda de dispensas teve vida curta: em 31 de agosto, a corte de apelações de imigração determinou que emitir documentos sem data e hora poderia ser considerado válido. Para isso, porém, que o imigrante deveria receber notificação subsequente com os detalhes.
No entender do Departamento de Segurança Doméstica, a decisão da Suprema Corte não tinha o propósito de invalidar os procedimentos de remoção de imigrantes.
“Se interpretado de maneira muito favorável ao requerente, o impacto prático seria encerrar virtualmente todos os procedimentos de imigração”, indicou o departamento, referindo-se a um processo de San Diego. Para o órgão, as apelações estavam baseadas em “interpretação errada” da decisão da Suprema Corte.
A vitória de Wescley inaugurou discussão sobre a capacidade do sistema judiciário de julgar todos os processos de remoção. Há mais de 11 milhões de imigrantes ilegais no país, e projeções indicam que poderia levar até 50 anos para que um processo seja julgado com a atual estrutura das cortes de imigração.
“O ataque a nosso país na fronteira ao sul, que inclui elementos criminosos e drogas entrando, é muito mais importante para mim do que o comércio ou o acordo comercial Donald Trump