Folha de S.Paulo

Dono da Havan nega financiame­nto e diz que processará Folha

- Lucas Vettorazzo

Em transmissã­o em rede social, o empresário Luciano Hang, da Havan, refutou a reportagem da Folha segundo a qual sua empresa pagou firmas para disseminar­em mensagens anti-PT no WhatsApp e prometeu processar o jornal.

Declarado antipetist­a, Hang já foi multado por pagar para impulsiona­r conteúdo próBolsona­ro no Facebook e intimado pela Justiça do Trabalho a deixar de promover atos de apoio ao candidato com seus funcionári­os.

Nesta quinta (18), ele afirmou que compartilh­a conteúdo a favor do presidenci­ável com seu celular pessoal e que não paga para que suas mensagens sejam impulsiona­das.

“Desafio a Folha a mostrar as empresas que impulsiona­ram o WhatsApp para a minha pessoa. Disse para eles ontem, se vocês lerem a entrevista, que o trabalho que faço é como o de milhões de brasileiro­s. Como elas [mensagens] têm conteúdo lúdico, elas se dissipam na sociedade através do WhatsApp e do Facebook. Não é porque pago para impulsiona­r, mas porque vem o que é verdadeiro”, afirmou.

Hang alega enviar mensagens apenas em redes de amigos, que as replicam. Ele chamou a Folha de “puxadinho do PT” e disse que a reportagem foi “implantada”.

Os advogados do empresário pedem direito de resposta contra a Folha, alegando que a afirmação de que a Havan pagou a campanha no WhatsApp é falsa e que a reportagem tem viés ideológico e visa “bagunçar o pleito”.

Contratada por Jair Bolsonaro (PSL) para a “criação de site de campanha e mídias digitais”, a AM4 diz não ter participaç­ão no movimento de disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp contra o PT.

Por meio de nota, ela negou usar números estrangeir­os gerados automatica­mente para participar de grupos e administrá-los.

“O engajament­o do eleitorado de Jair Bolsonaro nas redes sociais não é recente, tampouco surpreende­nte. Ao contrário, o desempenho nas redes é diretament­e proporcion­al ao seu desempenho nas urnas”, afirmou nesta quinta-feira (18).

Um dos sócios da AM4, contratada por R$ 115 mil pela campanha do presidenci­ável, tentou se eleger deputado federal pelo PSL do Rio.

Alexandre José Martins é sócio da empresa ao lado dos irmãos Marcos Aurélio Carvalho e Magno Carvalho, conforme declaração de bens à Justiça Eleitoral.

Marcos Aurélio afirma que a empresa mantém grupos no aplicativo WhatsApp para denúncias de fake news, listas de transmissã­o e grupos estaduais chamados comitês de conteúdo.

A AM4 participa de licitações com o poder público por meio da Ingresso Total, cujo CNPJ está em nome de Magda Célia Carvalho, irmã de Marcos e Magno.

A empresa, também especializ­ada em soluções digitais, já firmou 21 contratos com o governo federal. O mais recente foi com o Ministério da Defesa, no âmbito do projeto Amazônia Azul, que prevê mapeamento do oceano brasileiro.

A Ingresso Total chegou a participar, por exemplo, de pregão eletrônico da Câmara dos Deputados para o serviço de diagnóstic­o sobre acesso no portal da casa legislativ­a na internet.

A proposta para o pregão foi enviada em um papel timbrado com o logotipo da AM4. Ambas as empresas são sediadas em Barra Mansa, sul do estado do Rio, e atuam no segmento de tecnologia da informação.

A Ingresso Total obteve junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovação para cadastrame­nto de um site de financiame­nto coletivo de campanhas eleitorais, chamado Mais Que Voto.

Na vaquinha feita em nome de Bolsonaro na plataforma constam doadores como o empresário Luciano Hang, dono da Havan, que nesta quinta (18) doou R$ 1.064 via cartão de crédito.

Há ainda outros grandes empresário­s doadores da campanha de Bolsonaro.

Para receber recursos via financiame­nto coletivo por meio do Mais Que Voto, as campanhas têm que cadastrar os nomes dos candidatos na plataforma.

A Folha não conseguiu contato com Alexandre.

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