Folha de S.Paulo

Ministros do TSE defendem agir com cautela contra fake news

Integrante­s da corte dizem que liberdade de expressão precisa ser respeitada

- Letícia Casado e Reynaldo Turollo Jr.

Diante das cobranças por uma ação mais incisiva de combate às fake news, ministros do TSE têm repetido um mantra: é preciso agir com cautela e respeito à liberdade de expressão —nos casos em que a notícia falsa atingir candidatos, somente se a Justiça for provocada, para não ser acusada de partidaris­mo.

“A Justiça Eleitoral tem atuado e continuará atuando, em cooperação com as autoridade­s da segurança, dos órgãos de prevenção e também de combate às condutas ilícitas, irregulare­s e abusivas”, disse à Folha o ministro Edson Fachin.

Ele, a presidente do TSE, Rosa Weber, e o vice-presidente, Luís Roberto Barroso, discutiram na noite de quarta (17) três medidas com as campanhas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

O tribunal pediu que defendam a integridad­e da Justiça Eleitoral, declarem que não apoiam a disseminaç­ão de notícias falsas e evitem discursos de violência.

Para a maioria do TSE, a grande vítima das informaçõe­s mentirosas nestas eleições tem sido a própria Justiça Eleitoral, e não os políticos.

O ministro Og Fernandes disse que o fenômeno das fa- ke news é inédito e que o tribunal, ciente da gravidade, antecipou-se ao criar uma comissão que discutiu com autoridade­s de outros países, como os EUA. “Trata-se de situação complexa que não apresenta uma solução acabada”, afirmou.

Fernandes defende o monitorame­nto das redes, que “deve ser realizado pró-ativamente, de maneira a identifica­r a propagação das notícias falsas em seus estágios embrionári­os”.

Representa­nte da advocacia no TSE, o ministro Admar Gonzaga diz que a corte fez tudo o que lhe competia sem interferir na liberdade de informação e manifestaç­ão. “Agora é fazer o que lhe compete na função jurisdicio­nal, atuar nos casos concretos, pois não pode um juiz ou tribunal agir de ofício nesse campo. Tem que ser provocado pelos interessad­os, o que vem ocorrendo muito pouco”, afirmou.

Para ele, as punições mais duras devem ser nos casos de “calúnias contra o sistema, contra a Justiça Eleitoral e seu corpo funcional, como se estivéssem­os todos lá reunidos (servidores e juízes), dirigidos e dispostos a fraudar a democracia que tanto prezamos”.

A preocupaçã­o com a liberdade de expressão é compartilh­ada pelo vice-procurador­geral eleitoral, Humberto de Medeiros, que minimizou na terça (16) o volume de fake news. “Queria que vocês observasse­m, se olhassem as redes sociais, que o volume de informaçõe­s mentirosas não tem esse número alarmante. A gente não pode instalar um clima de pânico nas conversas interpesso­ais”, disse.

Ele diferencio­u, contudo, as informaçõe­s repassadas por cidadãos comuns das disseminad­as por pessoas pagas para isso.

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Fotos Reprodução Imagens com notícias falsas divulgadas contra as campanhas de Bolsonaro (no alto) e Haddad (acima)
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