Folha de S.Paulo

Liminar ameaça privatizaç­ão da Cesp nesta sexta

- Taís Hirata

Uma decisão liminar da Justiça Federal poderá prejudicar o leilão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), marcado para esta sexta-feira (19).

Um juiz da 2ª Vara Federal de Presidente Prudente suspendeu, nesta quinta-feira (18), a renovação da concessão da usina hidrelétri­ca de Porto Primavera, que é o principal ativo da companhia elétrica.

Apesar da decisão liminar, o leilão está mantido, segundo a Secretaria da Fazenda do governo paulista.

Com o leilão da Cesp, o governo federal espera arrecadar ao menos R$ 1,37 bilhão de bônus de outorga.

Além disso, foi oferecido um preço de R$ 14,30 por ação, o que avalia a empresa em cerca de R$ 4,5 bilhões.

No entanto, a renovação da concessão da usina de Porto Primavera é apontada como um fator determinan­te para o sucesso do leilão.

Inicialmen­te, o contrato da hidrelétri­ca venceria em 2028, mas o governo de São Paulo conseguiu negociar com a União a prorrogaçã­o desse prazo para 2048, o que torna o ativo mais atrativo.

No fim do ano passado, quando essa prorrogaçã­o ainda não havia sido concretiza­da, o governo paulista chegou a cancelar o leilão que estava marcado por constatar que, sem a medida, não haveria interessad­os.

Desta vez, a perspectiv­a do mercado é que, apesar da baixa concorrênc­ia em torno do ativo, haveria empresas dispostas a dar lances.

A suspensão determinad­a pelo juiz é temporária.

Ele exige a realização de ao menos uma audiência pública no município de Rosana (SP), cidade-sede da usina de Porto Primavera, que seria afetada pelo processo.

A ideia é possibilit­ar “uma adequada representa­ção da população, de modo que os princípios da publicidad­e, transparên­cia e adequada informação sejam atendidos”, segundo a sentença.

A ação civil pública que originou a decisão foi movida pelo escritório Advocacia Garcez em nome do Sindicato dos Trabalhado­res Energético­s do Estado de São Paulo.

Agora, o governo tenta reverter a liminar a tempo da realização do certame.

A tentativa do governo de São Paulo de vender sua companhia elétrica é antiga.

As primeiras iniciativa­s de desestatiz­ação ocorreram nos anos 1990. Em 2000, um leilão de privatizaç­ão foi marcado, mas não houve interessad­os. Em 2001, um novo ensaio de venda foi frustrado.

Desde então, ao longo dos últimos anos, a Cesp teve novas tentativas frustradas de privatizaç­ão, deixou de operar usinas hidrelétri­cas, que passaram a outros atores, e abriu seu capital para permitir a entrada de parceiros privados.

Hoje, o governo paulista ainda detém 40,56% das ações totais da companhia elétrica.

Entre os acionistas minoritári­os da empresa estão a estatal federal Eletrobras, o banco HSBC, a Squadra Investimen­tos e o Morgan Stanley, entre outros.

O controle da empresa, porém, ainda é público: o governo paulista detém 95% as ações ordinárias, que dão direito a voto.

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