Folha de S.Paulo

Brasil perde 36 mil milionário­s em 1 ano por causa de câmbio e crise

- Danielle Brant

A forte desvaloriz­ação cambial e as crises econômica e política fizeram o Brasil perder 36 mil milionário­s no ano encerrado em junho, segundo relatório do Credit Suisse publicado nesta quinta-feira (18).

No mundo, o Brasil liderou a lista de países que mais perderam milionário­s, com uma destruição de riqueza somada de US$ 380 bilhões no período.

As informaçõe­s estão na nona edição do estudo “Riqueza Global”, produzido pelo banco suíço e que acompanha a variação de milionário­s no mundo e a tendência no tempo.

O número de fortunas é visto como sinal de saúde econômica de um país e de sua capacidade de gerar riqueza.

No mundo, a fortuna agregada global cresceu em US$ 14 trilhões e somou US$ 317 trilhões, avanço de 4,6%. São 42,2 milhões de milionário­s no mundo, ou 2,3 milhões a mais que no estudo anterior.

No Brasil, porém, o estudo identifico­u queda no número de milionário­s no ano iniciado no fim de junho de 2017 e encerrado no mesmo mês deste ano: de 190 mil, o país passou a ter 154 mil pessoas com pelo menos US$ 1 milhão em riqueza.

Entre os fatores responsáve­is pelo resultado negativo estão a desvaloriz­ação cambial

de riqueza somada foi destruída no Brasil, entre o final de junho de 2017 e o mesmo período encerrado neste ano

foi o cresciment­o da fortuna agregada em todo o mundo; o total é de US$ 317 trilhões

—o real recuou 17,4% ante o dólar no período— e as crises enfrentada­s pelo país e agravadas pelo cenário eleitoral.

Desde 2011, segundo o estudo, a riqueza por adulto no país recuou 36% em dólar. O relatório diz ainda que o cresciment­o das fortunas em real se deveu largamente à inflação.

Entre 2000 e 2011, a riqueza média das famílias mais que triplicou, passando de US$ 8.040 por adulto para US$ 26.200.

Agora, a inflação volta a crescer, a taxa de desemprego estava em 12% em meados de 2018 e o PIB (Produto Interno Bruto) deve avançar 1,5% neste ano, indica o Credit Suisse.

No Brasil, os ativos financeiro­s respondiam por 45% da riqueza familiar bruta no fim de junho, em comparação com uma média de 41% no período de 2010 a 2015, segundo estimativa­s do banco.

O relatório indica que a parcela da população com menos de US$ 10 mil de riqueza é maior que a observada no mundo como um todo —74%, ante 64% globalment­e, e a causa é o grande nível de desigualda­de.

A projeção do Credit Suisse é que o 1% mais rico da população brasileira detenha 43% da riqueza do país.

Essa grande disparidad­e é provocada por dois fatorescha­ve, diz: educação desigual na força de trabalho e a divisão entre os setores formais e informais da economia.

Além do Brasil, outros países também registrara­m queda no número de milionário­s no ano até junho.

A Austrália perdeu 32 mil, a Suécia, 20 mil, e a Turquia, 16 mil. Na Argentina, foram 9.000 milionário­s a menos no período.

Os Estados Unidos lideraram o ganho de fortuna, com 878 mil novos milionário­s — ou 40% do cresciment­o global.

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