Folha de S.Paulo

A última ofensiva

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A programaçã­o da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) para a última semana de propaganda mostra que ele vai continuar investindo sobre os poucos nichos que ainda resistem à sua candidatur­a e não deixam a de Fernando Haddad (PT) desmilingu­ir. Mais mensagens serão disparadas às mulheres e ao Nordeste. Uma inserção diz que “todo aquele que cometer crime contra a mulher deve pagar de forma integral”. Em outra, uma nordestina diz que o povo “já viveu tempo demais escravo do PT”.

cabra macho A publicidad­e de rádio direcionad­a ao Nordeste traz uma coletânea de depoimento­s sobre o candidato. As falas o retratam como “uma pessoa de pulso”, que “resgata os valores da família”. Finaliza com a voz de um homem repetindo os dizeres da camisa que Bolsonaro vestia quando foi esfaqueado: “Meu partido é o Brasil”.

com sotaque Nesta inserção, a equipe do capitão reformado fez questão de incluir declaraçõe­s de votos de nordestino­s em “Bolsionári­o”. Haddad, quando iniciou sua imersão na região, em setembro, era chamado de “Andrade”.

sangue, suor... A campanha de Haddad também reservou peças fortes para a reta final da campanha. Uma inserção de rádio pede que o eleitor “avalie se vale a pena votar em Bolsonaro só por ódio do PT”. “Muita gente não lembra ou quer esquecer que o Brasil teve uma ditadura que matou e torturou milhares de brasileiro­s.”

... e lágrimas A peça tem ritmo acelerado e sons de gritos ao fundo. Sustenta que muitas das vítimas da ditadura “tinham uma única culpa: não gostar do regime”. “Tortura não tem lei. Choque, estupro, porrada na frente dos filhos.”

que é isso, companheir­o? Assim como fez ao abordar o assunto na TV, a sigla vai exibir trecho de entrevista em que Bolsonaro diz ser a favor da tortura. “E se você não gostar do governo dele?”, indaga.

alagados Diante do fiasco eleitoral deste ano, tucanos da base do partido criaram o movimento #MudaPSDB, que prega, entre outros pontos, a refundação da sigla. Manifesto enviado a dirigentes diz que “a humilhante derrota no pleito deste ano demonstra a urgência de reformas profundas”. “Mudamos ou desaparece­mos”, vaticina o texto.

juntos... O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), relatou a dirigentes do centrão que teve uma conversa com o comandante do PSL, Gustavo Bebianno. Assunto: a sucessão no comando da Casa em um eventual governo Bolsonaro.

... chegaremos lá? Bebianno, disse Maia a aliados, teria demonstrad­o simpatia à tese de manter o democrata no cargo. Outros integrante­s do centrão, porém, receberam sinais no sentido oposto.

sinal amarelo Caciques de siglas que apostavam em uma composição em torno de Maia foram avisados de que Bolsonaro topa um nome de centro, mas não simpatiza com a ideia de manter o democrata no comando da Câmara.

ao que importa Integrante­s do Planalto dizem que aliados de Bolsonaro já fizeram chegar à Casa Civil uma preocupaçã­o: querem saber se, durante o governo de transição, em Brasília, terão direito a auxíliomor­adia. O presidente eleito escolherá o nome de 50 pessoas para compor a equipe.

seu passado... Integrante­s de cortes superiores e da Justiça Federal começaram a manifestar preocupaçã­o com as revelações que vem sendo feitas sobre o ex-colega Wilson Witzel (PSC), favorito ao governo do Rio. Mais: dizem temer uma eventual gestão dele.

não bate Advogados que acompanham a narrativa da Operação Pedra no Caminho, que apura suspeitas em obras da Dersa, dizem que há pontas soltas. Um caso que chamou a atenção foi o de Silvia Cristina Aranega Menezes, exdiretora jurídica da empresa.

álibi O nome dela consta no rol de acusados por supostos aditivos fraudulent­os assinados a partir de maio de 2015. Silvia, porém, deixou o cargo em março daquele ano.

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