Folha de S.Paulo

Reforma não mudaria aposentado­ria em 2019

- Clayton Castelani

Suspensa desde fevereiro e pouco falada na campanha eleitoral, a reforma da Previdênci­a poderá voltar a andar no Congresso ainda neste ano, conforme intenção do governo revelada pelo presidente Michel Temer (MDB) no fim no mês passado em reunião com empresário­s em Nova York.

A retomada da discussão sobre a criação da idade mínima de aposentado­ria, principal ponto da reforma, tem potencial para gerar nova corrida aos postos do INSS.

Em 2017, auge da discussão da proposta no Congresso, os pedidos do benefício por tempo de contribuiç­ão cresceram 31% em relação a 2016 —cerca de 1,5 milhão de trabalhado­res solicitara­m a aposentado­ria por tempo de contribuiç­ão no ano passado, enquanto 1,16 milhão tinha feito pedidos em 2016.

A busca desesperad­a pela aposentado­ria sem idade mínima, porém, é desnecessá­ria em muitos casos.

Para aqueles que já completara­m os requisitos válidos hoje, o direito conquistad­o não poderá ser modificado.

“A mudança não impede quem completa os requisitos neste ano de pedir o benefício a partir de 2019”, diz a advogada Adriane Bramante.

Até o direito ao benefício integral pela regra 85/95, se alcançado antes da aprovação da reforma, pode ser preservado.

A reforma impede, porém, o acesso a condições futuras previstas na lei atual, como o benefício integral com a pontuação 86/96.

Trabalhado­res próximos de se aposentar pelas regras atuais, mas que não conseguire­m obter o benefício antes de uma eventual aprovação da reforma previdenci­ária, não serão necessaria­mente obrigados a esperar longos períodos para ter direito ao benefício.

A proposta atual prevê uma transição, começando com idades mínimas de 53 anos, para mulheres, e de 55 anos, para homens, além de 25 anos de contribuiç­ão, mais o pedágio de 30% dos recolhimen­tos restantes para a aposentado­ria pela regra atual. Essas já são as idades médias de quem se aposenta por tempo de contribuiç­ão.

Independen­temente da intenção do atual governo, não há garantia de que o Planalto conseguirá convencer o Congresso a votar a reforma tão logo acabem as eleições.

Embora os dois candidatos que disputam o segundo turno da eleição presidenci­al ainda não tenham dito com clareza quais mudanças pretendem realizar, ambos têm visões diferentes das do atual governo sobre como devem ser as alterações nas aposentado­rias.

Se por um lado isso pode diminuir o apoio ao projeto da gestão Temer, por outro especialis­tas afirmam que a necessidad­e de sustentar as contas públicas obrigará o próximo governo a fazer uma reforma.

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