Folha de S.Paulo

Perto do penta, Hamilton desperta debate sobre lugar na história da F-1

Britânico pode se igualar neste domingo ao argentino Fangio e ficar a dois títulos de Schumacher

- Marcelo Laguna

O inglês Lewis Hamilton, 33, poderá alcançar neste domingo (21), no Grande Prêmio dos EUA, em Austin, um lugar ainda mais alto no grupo de campeões da F-1.

Com 67 pontos de vantagem na classifica­ção em relação a Sebastian Vettel, da Ferrari, o piloto da Mercedes, que larga na pole position, precisará somar oito pontos a mais do que o rival para se sagrar campeão da temporada 2018. A prova , às 15h10 (de Brasília),terá transmissã­o do SporTV 2.

Se confirmar a conquista, Hamilton passará a ter cinco títulos mundiais, mesmo número do argentino Juan Manuel Fangio. O inglês ficará abaixo só do alemão Michael Schumacher, maior ganhador da categoria, com sete títulos.

Mas mesmo com Fangio e Hamilton iguais em número de conquistas, o nivelament­o entre eles não é unanimidad­e.

Um estudo da Universida­de de Sheffield (ING) de 2016 aponta o argentino como o melhor piloto da história da F-1. A pesquisa buscou minimizar o impacto dos carros e das escuderias e valorizar o talento dos pilotos.

Fangio tornou-se pentacampe­ão [de 1951 e 1957] nos primeiros anos da F-1, a era “romântica”. Os carros eram praticamen­te idênticos aos que rodavam nas ruas, os pilotos contavam com limitadas condições de segurança, as provas não tinham transmissã­o pela TV e a categoria ignorava qualquer estratégia de marketing.

Morto em 1995, Fangio acumulou uma fortuna respeitáve­l, hoje estimada em US$ 50 milhões (R$ 186,1 milhões).

Como comparação, de acordo com levantamen­to do jornal Sunday Times em 2017, Hamilton tinha patrimônio de 131 milhões de libras (R$ 632,8 milhões). Em julho, ele renovou com a Mercedes por mais duas temporadas e receberá R$ 200 milhões anuais, segundo o jornal The Guardian.

O estudo conduzido por Andrew Bell, do Instituto de Metodologi­a Sheffield, diz que historicam­ente o carro tem peso seis vezes maior que o piloto para obtenção de vitórias. Como Fangio conquistou seus títulos por quatro escuderias diferentes, leva vantagem sobre os concorrent­es.

O francês Alain Prost, quatro vezes campeão do mundo, aparece como o segundo melhor de todos os tempos, embora também tenha competido por quatro equipes.

Pelos critérios do estudo, em 2016 Hamilton aparecia como o 11º maior piloto da história, quando era tricampeão. A proximidad­e do quinto título, porém, reacende o debate sobre seu lugar na F-1.

“Se você olhar o número de títulos e os recordes que ele tem, é um dos maiores da história deste esporte”, afirmou Fernando Alonso ao canal Sky Sports. Perto da aposentado­ria na F-1, o espanhol não tem motivos para ser político ou simpático com o inglês.

Os dois foram companheir­os de equipe na McLaren em 2007, ano de estreia de Hamilton na F-1, quando tiveram uma relação bastante tumultuada dentro e fora das pistas.

Os números impression­antes de vitórias (71), pole positions (80) e melhores voltas (40) reforçam os argumentos de admiração por Hamilton de outros ex-colegas na F-1.

“Mesmo sem conquistar este quinto título, eu já o considero entre os maiores de todos os tempos. Os números dele já o colocam no mesmo nível de Schumacher, Ayrton Senna, Fangio, de quem você quiser. As chances são enormes para que ele bata todos os recordes”, diz Felipe Massa.

Outro contemporâ­neo de Hamilton, Rubens Barrichell­o elogia o poder de superação que o inglês mostrou na carreira. “Ele chegou a ter momentos em que estava um pouco desacredit­ado, mas o talento supera. Ele é um cara muito especial, fora de série”.

Do primeiro título do inglês, em 2008, ao segundo, em 2014, ele viu Vettel faturar quatro vezes o Mundial. Depois disso, o alemão não ganhou mais nenhum.

Um dos jornalista­s brasileiro­s que há mais tempo acompanha a categoria, Reginaldo Leme, da TV Globo, acredita que Hamilton irá se tornar o maior de todos os tempos.

“Se a Mercedes mantiver seus carros em nível igual ou superior ao de seus principais adversário­s, e ele pilotar por mais três anos, pode conquistar o sétimo título e até igualar o recorde de 91 vitórias do Schumacher”, afirmou.

Para o jornalista Lito Cavalcanti, comentaris­ta de F-1 do SporTV, Hamilton já está entre os quatro maiores da história e poderá ir além, dependendo do equipament­o que receber.

“Claro que é uma avaliação subjetiva, mas acho que ele é superior ao Schumacher em termos de talento. Para mim, está no mesmo patamar de Senna, Fangio e [do escocês] Jim Clark”, afirma. “A tendência é que seja o maior de todos os tempos, se a Mercedes lhe der um carro competitiv­o nos próximos anos”.

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Darron Cummings/Associated Press Hamilton na garagem da Mercedes no autódromo em Austin

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