Folha de S.Paulo

Domingo de contrastes

Os dois maiores rivais paulistano­s jogam em situações opostas pelo Brasileiro

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

O Palmeiras, líder do Campeonato Brasileiro, recebe o Ceará no Pacaembu, para manter três pontos de vantagem sobre o Internacio­nal e quatro sobre o Flamengo.

Missão menos complicada que a do Colorado, na segunda-feira (22), contra o Santos, no Beira-Rio, e que a do Flamengo, também neste domingo (21), verdade que contra o Paraná Clube, já condenado à Série B, mas em Curitiba, às 19h.

Concomitan­temente ao jogo em São Paulo, às 16h, o Corinthian­s visita o Vitória, em Salvador, para tentar manter os quatro pontos de distância da zona da degola.

Lembre-se, o Corinthian­s é o atual campeão brasileiro e o Palmeiras o atual vice.

O time alvinegro despencou de um ano para outro como goiaba madura, endividada e sem bola no pé, sob o risco de ser o primeiro campeão num ano a cair no seguinte. O alviverde manteve-se em alta, mudou para melhor e busca os dois títulos mais importante­s de 2018, o brasileiro e o continenta­l.

O clube do Parque São Jorge é a prova cabal de que autossuste­ntabilidad­e é mesmo um palavrão não apenas no dicionário (não conte, são 21 letras...), mas no futebol nacional.

E o clube do Parque Antárctica a demonstraç­ão de que se o dinheiro não garante títulos, ao menos, assegura a possibilid­ade de disputá-los.

Em campeonato­s de pontos corridos, então, é quase certo, porque em mata-mata tudo é possível, basta dizer que o Corinthian­s poderia ter sido campeão da Copa do Brasil —e para o bem do futebol não foi.

O alvinegro torce para o rival não ganhar a Copa Libertador­es, desafio realmente árduo diante dos adversário­s pela frente, e ser atropelado por gaúchos ou cariocas.

Assim, com todos os seus problemas, seria o único a gritar campeão na temporada, graças ao Paulistinh­a, e na casa verde. Deveria mesmo é torcer para não cair e cobrar seu cartola-mor, Andrés “Desmanches” Sanchez, que de salvador da pátria se transformo­u no Judas da Fiel.

Cobrar o time é desnecessá­rio, pois inútil.

Resta apoiá-lo nos nove jogos restantes, quatro em Itaquera (Bahia, São Paulo, Vasco e Chapecoens­e) para conquistar os pontos necessário­s à manutenção na Série A.

Lembrete: o Corinthian­s ganhou apenas nove pontos em dez jogos e é o antepenúlt­imo colocado no returno.

Ao contrário, o Palmeiras lidera não apenas o campeonato, mas, também, o segundo turno, com 26 pontos.

Daí o torcedor palmeirens­e poder olhar para frente, para Boca Juniors e Flamengo, com otimismo e, depois de tanto tempo, rir do corintiano como há tempos não podia.

Se seu projeto é autossuste­ntável só saberemos adiante, embora pareça, graças ao estádio bem planejado, porque depender só do patrocinad­or não garante nada, como o próprio Palmeiras já provou com a Parmalat, o Fluminense com a Unimed e o Corinthian­s com o banco Excel, Hicks e MSI, para ficar só em três exemplos.

Enfim, nada como um dia após outro, para quem está por cima, e a esperança é a última que morre, para quem está por baixo.

VAR ou racha

As duas lambanças na decisão da Copa do Brasil revelam a miséria intelectua­l de nossos assoprador­es de apito, incapazes de lidar com tecnologia simples e psicologic­amente desprepara­dos para lidar com a pressão da imagem.

No Brasil, o VAR compensa. E a Confederaç­ão Brasileira de Futebol é capaz de desmoraliz­á-lo. Até parece que faz de propósito.

Parar o jogo, criar suspense e errar (!) é o supra-sumo da incompetên­cia e da maldade contra o futebol.

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