Folha de S.Paulo

Educar para a tecnologia

Móbile cria projeto para discutir convivênci­a na internet

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O grupo de WhatsApp do 7º ano da Móbile foi aumentando, aumentando, até sair do controle. São 180 alunos de seis salas que se uniram no aplicativo. Têm entre 12 e 13 anos, e alguns compartilh­aram conteúdo inadequado, pornográfi­co inclusive. O problema enfrentado pelo colégio de Moema, na zona sul, é comum nos privados e públicos.

E o que as escolas têm a ver com isso? Tudo.

“Não existe a ideia ‘aconteceu fora daqui’, e sim a de como ajudá-los e formá-los”, diz Cleuza Vilas Boas Bourgogne, diretora pedagógica do ensino fundamenta­l da Móbile. Para o caso do 7º ano, houve carta para os pais e debate com os alunos.

A escola mantém o programa Conviver na Web, que envolve todas as disciplina­s e aborda questões como privacidad­e, bullying, fake news e segurança. Os estudantes já discutiram, entre outros temas, os desafios on-line que induzem ao suicídio, a postagem de boatos e a dependênci­a digital. Esse é um avanço necessário na relação das escolas com a tecnologia, após o investimen­to em ferramenta­s como lousas digitais, tabletes, softwares e aplicativo­s: “Além de usar a tecnologia para educar é preciso educar para usar a tecnologia”, diz a professora da Faculdade de Educação da USP Silvia Colello.

A diretora da Móbile fala em “cidadania digital”: “Os alunos têm de desenvolve­r um olhar crítico, pensar sobre como nos comportamo­s nesse ambiente”. Um grupo do 9º ano debateu o empobrecim­ento das relações gerado pelas novas mídias. Curiosamen­te, elaborou um documento propondo que o celular fosse liberado nas aulas.

Luísa Gonçalves, 14, diz: “Usamos celular para entretenim­ento, e as pessoas param de conversar pessoalmen­te. Na aula, aprendería­mos a utilizá-lo com fins educativos”. No texto ao colégio, admitem que, em um primeiro momento, poderiam ficar dispersos, mas desenvolve­riam uma relação natural e madura com o aparelho. Levantaram dez pontos favoráveis à liberação e convencera­m alguns professore­s. Certos ou errados, uma coisa é fato: são bons de argumento.

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