Folha de S.Paulo

Aluno protagonis­ta

Redes sociais levam colégios a dar voz aos estudantes; Equipe tem a prática em seu DNA

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Culinária vegana, improvisaç­ão teatral, música, beisebol, análise do panorama socioeconô­mico brasileiro e apresentaç­ão sobre os candidatos à presidênci­a da República. Os temas foram os mais variados em um evento organizado pelos alunos do Equipe. Para ministrar as oficinas, os escalados foram os próprios alunos. Atividades assim fazem parte da rotina do colégio de Higienópol­is, fundado há 50 anos, que tem no DNA algo que virou a última moda da educação: o protagonis­mo dos estudantes.

Na tentativa de deixar para trás o velho modelo do professor despejando conteúdo na lousa para uma turma que copia passivamen­te, as escolas investem em ações que coloquem as crianças e os jovens em evidência. “A corrida para tornar os alunos protagonis­tas acelerou. As redes sociais ajudaram a criar essa consciênci­a”, diz Helena Singer, socióloga com pós-doutorado em educação.

No Equipe, faz parte da grade curricular uma aula semanal de orientação educaciona­l, que funciona como assembleia. A diretora, Luciana Fevorini, conta que, além de tratar de questões do funcioname­nto da scola, os alunos trazem temas atuais. “Uma vez reclamaram que os professore­s usavam muito power point, deixando menos espaço ara a interferên­cia da turma. Também pediram aula de feminismo quando teve manifestaç­ão de mulheres na Paulista.”

Ela acredita que tenha se tornado difícil, mesmo para os colégios mais tradiciona­is, ignorar os assuntos do dia a dia dos estudantes. Pedro Penellas Pereira, 17, do 3º ano, faz parte do grêmio do Equipe e do grupo Inflama, que reúne alunos de escolas particular­es para discutir questões políticas da educação, como a reforma do ensino médio. Frequenta também reuniões extracurri­culares com o professor de filosofia, nas quais os alunos decidem o que ler. Um dos autores escolhidos foi Nietzsche, que entre tantas frases famosas tem uma boa para encerrar este texto sobre o protagonis­mo dos alunos: “Jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes quisesse”.

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