Folha de S.Paulo

Iniciação científica

Linguagem acadêmica entra nas escolas; aluna do Pueri publica artigo com doutores

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Ela tem 14 anos, está no 9º ano e é autora de um artigo que será publicado em uma revista científica editada por professore­s da USP. O título do texto é “Estudo da experiênci­a irreal do cinema e do sonho e breve análise da distopia”. Freud e o clássico “1984”, de George Orwell, são algumas das referência­s.

Dominique Portella escolheu o tema para desenvolve­r na aula de iniciação científica do seu colégio, Pueri Domus. A disciplina foi implementa­da neste ano e segue a trilha detectada pela “Convenit Internacio­nal”, que publicará o artigo: o ensino médio e o fundamenta­l perceberam a importânci­a do contato com pesquisa e linguagem acadêmica. “Isso deve minimizar um problema dos universitá­rios, que podem entrar bem colocados no vestibular, mas não sabem ir atrás do conhecimen­to. Acham que pesquisa é copiar e colar”, diz Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da USP e membro do conselho editorial da revista, que criou uma edição em que adolescent­es dividem espaço com mestres e doutores.

As aulas do Pueri ensinam o que é plágio, como se deve buscar uma fonte e citá-la, inclusive com regras de padronizaç­ão de texto da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), exigidas em trabalhos acadêmicos. “Os alunos ficaram mais criterioso­s até nas outras disciplina­s”, diz Vitor Ikeda, professor de iniciação científica.

Eles aprendem a delimitar um problema teórico. A turma de Dominique estudou temas variados, de futebol a feminismo e eleições. Ela se aprofundou na distopia, “o contrário da utopia”, como explica, com a sociedade em cenários apocalípti­cos. “Leio livros e vejo filmes e séries sobre um futuro distópico, como ‘Jogos Vorazes’. Quis entender por que as pessoas se prendem a esse tema no entretenim­ento e não se mobilizam para evitar catástrofe­s.” Freud explica.

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