Folha de S.Paulo

Queda nos juros alavanca redes que oferecem empréstimo­s e seguros

- Danylo Martins

A retomada da economia, mesmo que gradativa, tem estimulado franquias que atuam com serviços financeiro­s e seguros, já apostando no cresciment­o do consumo e dos investimen­tos.

“Novas redes surgem e empresas que já atuam no ramo expandem suas operações e buscam novos mercados”, afirma Vanessa Bretas, gerente de inteligênc­ia de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchisin­g).

Balanço da associação aponta que, entre 2016 e 2017, houve um aumento de 24% no número de unidades de franquias de seguros. O faturament­o dessas redes cresceu 13,6% no mesmo período, chegando a R$ 609,1 milhões.

As franquias que oferecem crédito são motivadas pela queda da taxa básica de juros, Selic, hoje no menor patamar da história —6,5% ao ano—, o que aumenta a demanda por crédito.

“Quando a Selic diminui, a tendência é emprestar mais”, afirma Raniery Queiroz, presidente da empresa MTCred.

Há dez anos no mercado, a rede, que tem como principal produto o crédito consignado para aposentado­s, pensionist­as do INSS e servidores públicos, tem 54 unidades em operação, em 22 estados e no Distrito Federal.

Criada em Cuiabá, no Mato Grosso, a MTCred faturou R$ 6,8 milhões em 2017 e prevê mais que dobrar a receita neste ano, alcançando R$ 15 milhões. O investimen­to inicial da franquia varia de R$ 60 mil (cidades de até 100 mil habitantes) a R$ 100 mil (cidades acima de 200 mil habitantes).

Segundo Carlos Alexandre Gomes, diretor-executivo da rede Banneg, os negócios nessa área crescem por facilitar a aquisição de crédito. Em parcerias com várias instituiçõ­es, as franquias oferecem diferentes opções de crédito, entre elas o consignado, que costuma ser mais barato. “A burocracia e as taxas de juros brasileira­s são muito altas.”

Com sede em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, a marca possui 85 unidades franqueada­s em 20 estados e no Distrito Federal. A meta é começar 2019 com pelo menos 120 unidades em operação.

Entre agosto e dezembro de 2017, o montante de empréstimo­s concedidos pela rede atingiu R$ 15 milhões. Para este ano, a expectativ­a é de um volume de R$ 75 milhões.

Franquias de seguros, corretoras que comerciali­zam produtos a partir de parcerias com seguradora­s, também vivem período de cresciment­o acelerado —o mercado de seguro, em geral, deve ter alta de 3,4% em relação a 2017, segundo a CNseg (Confederaç­ão Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdênci­a Privada e Vida, Saúde Suplementa­r e Capitaliza­ção).

Criada há 50 anos em São José do Rio Preto, a Seguralta ingressou no setor de franquias em 2008. Em 2010 tinha 30 unidades, no ano seguinte chegou a 100 e hoje tem mais de 1.000, diz Reinaldo Zanon, presidente da corretora.

Em parceria com seguradora­s, a Seguralta comerciali­za seguro de vida, automóvel, residência, além de produtos para empresas, como seguro de frota, agrícola, fiança, entre outros.

O investimen­to inicial na franquia começa em R$ 25 mil para o modelo home office e chega a R$ 80 mil para lojas físicas.

Com 92 unidades franqueada­s em 22 estados, o Grupo É Seguro Corretora tem como meta atingir 115 unidades neste ano, ampliando o número para 250 em 2019, diz o diretor Adriano Oliveira. Após faturar R$ 1,8 milhão no ano passado, a marca prevê receita de R$ 5 milhões em 2018.

Já a Quisto Corretora de Seguros, criada em 2012 em Belo Horizonte (MG), adotou o modelo de expansão via franquias em agosto deste ano. Com mais de 90 produtos para pessoas físicas e empresas, a marca tem 20 unidades em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.

“O objetivo é encerrar o ano com 70 franqueado­s e alcançar 300 unidades em 2019”, diz Henrique Mol, 33, diretor executivo da empresa. Neste primeiro ano de operação como franqueado­ra, a projeção é faturar R$ 5 milhões.

Para ingressar nesse mercado é fundamenta­l não limitar o portfólio e conhecer os diferentes tipos de seguros existentes no mercado. Um dos pré-requisitos é ter perfil comercial, com foco em vendas e marketing, segundo Oliveira. Vanessa, da ABF, recomenda uma conversa com outros profission­ais e empreended­ores que já atuam na área.

Quem quer ingressar nesse mercado, que está em expansão, precisa ter perfil comercial, com foco em vendas e marketing, e não limitar o portfólio a um só tipo de produto

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